O caso Walter arrasta-se. O Internacional de Porto Alegre aceitara, verbalmente, os valores apresentados pelo F.C. Porto para a alienação de metade de passe do avançado. Contudo, a primeira proposta formal dos dragões não convenceu o presidente do emblema canarinho.

O Internacional pretende quatro milhões de euros, pagos de forma pouco faseada. Os empresários Juan Figger e Francisco Novelletto, detentores da outra metade do passe de Walter, estão a intermediar a colocação do jogador no Velho Continente.

Apesar das contestantes variações no discurso, o F.C. Porto acredita que o avançado já não foge do dragão.

Segundo Roberto Siegmann, assessor para o futebol do Internacional, a proposta formal do F.C. Porto apresenta um valor de «três milhões e setecentos mil euros», abaixo dos quatro milhões acordados verbalmente. Os prazos de pagamento também merecem discussão, mas nada que comprometa verdadeiramente a conclusão do negócio.

«Fala-se muito da Ucrânia (ndr. Shakhtar Donetsk), mas penso que os empresários do jogador preferem colocá-lo em Portugal. O presidente do Internacional está com o assunto nas mãos, mas não acredito que o negócio esteja comprometido», conclui o dirigente do clube brasileiro.

O treinador do Shakhtar, Mircea Lucescu, garantiu recentemente que não precisava de qualquer reforço para a sua equipa. Como tal, o nome da equipa ucraniana é visto como forma de pressão sobre o F.C. Porto.

«A maior proposta não foi a vinda de Portugal», atirou Vitorio Piffero, presidente do Inter, nesta terça-feira, acrescentando: «A proposta não nos satisfez, vou responder para Portugal ainda nesta terça-feora e vamos ver.»

As crises, o talento e as limitações:

Walter é um portento futebolístico. Contudo, em Porto Alegre, multiplicaram-se os casos de divergências entre o jovem e o Internacional. Em Março, fechou-se em casa e não atendeu ninguém. Saiu do Recife com terna idade e transformou-se em fonte de receita para uma família muito carente. A estrutura mental claudica.

«O Walter é um menino. Um excelente jogador, mas tem limitações fora do campo. Por isso é que os empresários não o querem colocar em outro país que não seja Portugal, onde a adaptação seria mais fácil», reconhece Roberto Siegmann.

O talento, a força e capacidade de explosão lembram outro portista: Hulk. Contudo, aos 20 anos, Walter apresenta contornos ainda mais verdes, a necessitar de maturação. É um diamante por limar, acredita Juan Figger, o mesmo empresário que colocou Hulk no Japão e o trouxe posteriormente para o F.C. Porto.

«Ele (ndr. Walter) teve problemas com antigo treinador do Internacional, porque tinha salário reduzido e não era opção. Depois, tem uma família para tratar lá no Recife, mas isso infelizmente é normal aqui no Brasil. Também não é analfabeto, mas é verdade que é muito limitado. Tudo isso tem de ser trabalhado, mas ninguém duvide do seu talento», remata Siegmann, em conversa com o Maisfutebol.