O Vitória de Setúbal, detentor da Taça de Portugal, passou incólume pela 4ª eliminatória da Taça de Portugal, resistindo à conhecida «justiça de Fafe», muito por força de uma exibição tremenda do guarda-redes Marco Tábuas. O Fafe, que milita na II Divisão, dominou a partida durante largos períodos, mas voltou a encontrar um obstáculo intransponível. O golo de Fonseca, jovem internacional português que trocou o Santa Clara pela equipa B setubalense, definiu precocemente o desfecho da eliminatória.
Há seis anos, também para a Taça, num jogo envolto em alguma polémica, os sadinos venceram no Parque Municipal de Desportos, igualmente de forma suada (1-2). Rezam os relatos da época que na baliza do Vitória de Setúbal esteve um guardião verdadeiramente inspirado, que impediu o triunfo dos locais. Quem? Marco Tábuas, precisamente. A história repete-se.
Artur Soares Dias, ao expulsar dois jogadores do Fafe na recta final do encontro, acabou por assumir protagonismo indesejado numa partida bem disputada, sem excessiva dureza, onde a equipa da casa deixou uma bela imagem. O golo do Fonseca, ao minuto 13 de azar para os locais, traduziu o natural ascendente inicial dos primovisionários, mas a partir daí o amarelo do Fafe passou a ser a cor dominante.
O Vitória de Setúbal, onde Norton de Matos poupou vários jogadores habitualmente titulares, não conseguiu afastar o perigo da sua área, e apenas da parte final da etapa inicial conseguiu justificar o estatuto de detentor da Taça de Portugal. Antes, durante e depois, valeu o enorme Marco Tábuas. O «tubarão», como é conhecido no Bonfim, assumiu-se como uma figura temível para os adversários, merecendo uma breve cronologia: defesa com o corpo a remate de Nelsinho (20'), desvio de uma bola rematada de fora da área que ia ao ângulo (22'), defesa apertada a remate de Tiago (25') e nova saída providencial, para parar o remate de Marco (67'), entre muitas outras.
A energia dos homens comandados pelo búlgaro Tenev foi-se esgotando ao longo da etapa complementar, e com ela foi-se o discernimento. Numa altura em que os sadinos começavam a aproveitar o extremo balenceamento ofensivo do Fafe, Artur Soares Dias mostrou o segundo amarelo, com excessivo rigor, a Henrique (75'), expulsando igualmente Dani, eventualmente por protestos. O jogo, verdadeiramente dito, terminou aí, destacando-se apenas a ingenuidade de Sougou, que jogou a bola com a mão, pouco depois de ter entrado em campo, vendo o quinto cartão amarelo da temporada, que o afasta do jogo com o F.C. Porto, no sábado, no Estádio do Dragão. O detentor do troféu segue em frente, fica pelo caminho a equipa que melhor jogou.
Nota final para o Fafe, simpático clube que soube receber, fazer a festa da Taça com dignidade, do alto da sua pequenez. A direcção do clube minhoto tem em marcha uma campanha para chegar aos 3.000 sócios, já vai em 1.370, e nesta quarta-feira levou cerca de 800 crianças da região ao parque de desportos, gratuitamente.
FICHA DO JOGO
Parque Municipal de Desportos, em Fafe
Árbitro: Artur Soares Dias (Porto).
Fafe - Coelho; Dani, Henrique, César e Chiquinho (Marco, 61m); Bruno, Pedro e Nelsinho; Jader, Tiago (Lobo, 70m) e André (João Pedro, 81m).
Treinador: Tenev
V.Setúbal - Marco Tábuas; Madior, Flávio, Veríssimo e Adalto; Ricardo Chaves (Sougou, 83m), Binho e Lacombe; Tchomogo, Fonseca e Franja (Pedro Oliveira, 25m).
Treinador: Norton de Matos
Marcador: Fonseca (13m)
Disciplina: cartão amarelo a Veríssimo (44m), Marco Tábuas (51m), Pedro (60m), Henrique (64 e 75m), Flávio (80m). Cartão vermelho: Henrique (75m), por acumulação, e Dani (75m).