Por: Rita Pereira

Respira-se futebol em torno de Vila Nova de Famalicão. Na quarta eliminatória da Taça de Portugal, o concelho é representado por três equipas: GD Ribeirão, FC Famalicão e AD Oliveirense. É um momento único para os locais, certamente com saudades dos tempos em que a equipa da cidade andava pelo escalão principal.

O concelho de Famalicão tem 140 mil habitantes e Adriano Pereira, presidente do GD Ribeirão, não tem dúvidas de que o facto de estarem três clubes da cidade em competição, demonstra «a força e a dinâmica que o concelho tem no futebol».

Apesar das «dificuldades económicas», a verdade é que «as equipas do concelho estão a crescer», afirma Nélson Pereira, presidente da AD Oliveirense. A prova disso são as presenças constantes de equipas famalicenses nas competições nacionais.

«É uma honra para o concelho ter três clubes nesta fase da Taça», afirma Hugo Silva, responsável pela comunicação do FC Famalicão, relembrando que «nunca estiveram os três na quarta eliminatória ao mesmo tempo. Os clubes têm feito um trabalho meritório nos últimos anos, que agora está a dar resultados.»

Os três clubes vão defrontar equipas de patamar superior. O FC Famalicão recebe o Estoril, a AD Oliveirense visita o Marítimo e o GD Ribeirão joga com o Penafiel no seu estádio. No entanto, todos esperam que o concelho continue a ser representado na Taça de Portugal.

«Sabemos que é difícil porque vão todos defrontar equipas fortes, com mais orçamento. Mas a Taça é alegria e queremos que hajam surpresas», considera o presidente da Oliveirense. «Seria ótimo para o concelho ter pelo menos um clube na próxima eliminatória. Era um orgulho, seria algo muito bom para os famalicenses», acrescenta Hugo Silva, do FC Famalicão.

Famalicão, o «candidato a nada»

Desde 1994 que o FC Famalicão não joga na principal divisão do futebol nacional. Esta temporada, o clube fundado compete na Série B do Campeonato Nacional de Seniores, onde ocupa a quarta posição, com 14 pontos somados.

«No Famalicão não fazemos promessas, fazemos o melhor jogo a jogo. Por isso, sabemos que não somos candidatos a nada», refere Hugo Silva, responsável pela comunicação do clube.

Na Taça de Portugal, o percurso do FC Famalicão começou com uma vitória por 3-0 sobre o Eirense. Na eliminatória anterior os minhotos foram a Loulé vencer por 2-0. «Na terceira eliminatória fomos ao Algarve e é incrível como a maior parte dos adeptos presentes no estádio do Louletano eram famalicenses.»

O sorteio da quarta eliminatória ditou um encontro com o clube que ocupa o sexto lugar da Liga e compete na Liga Europa. Os predicados do Estoril não intimidam o Famalicão, que vai receber os canarinhos com o pensamento na vitória, até porque este é um jogo da Taça.

«Sabemos que vamos jogar com uma das melhores equipas nacionais, mas queremos fazer o melhor possível e proporcionar um bom espetáculo aos nossos adeptos. O futebol tem surpresas e na Taça de Portugal tudo pode acontecer», afirma Hugo Silva. O objetivo é encher o estádio e «relembrar o clube que arrastava multidões».

«Estes dias temos percorrido as freguesias da cidade para promover este jogo. Queremos voltar a ter o estádio cheio, a ser o 'arrasta-multidões'. Isso já tem acontecido nos últimos jogos, mas queremos que continue neste». Em caso de vitória, o responsável pela comunicação do clube garante que gostava de «receber mais um emblema da Liga Liga», principalmente «um dos dois grandes que podem passar».

Oliveirense e a desforra com o Marítimo

Na temporada passada, a AD Oliveirense deslocou-se ao Estádios dos Barreiros para a terceira eliminatória da Taça de Portugal. O empate a um golo no final dos noventa minutos levou o jogo para o prolongamento, período em que o Marítimo garantiu a vitória. Um ano depois, a história repete-se, o emblema famalicente volta à Madeira depois de ter vencido o Vila Meã, o Vizela e o Loures.

«No ano passado foi por muito pouco. Foi um sonho que se perdeu. Este ano queremos ganhar, apesar de sabermos que é difícil. Podemos ter uma estrelinha connosco», afirma Nélson Pereira o presidente do clube.

Na série B do Campeonato Nacional de Seniores, a AD Oliveirense ocupa a penúltima posição, com seis pontos somados. O dirigente considera que um resultado positivo é difícil, porque «é um clube de freguesia» contra «uma equipa da primeira divisão», mas não tem dúvidas que «na Taça, tudo é possível».

No caso de uma vitória na Madeira, Nélson Pereira já escolheu o adversário para a quinta eliminatória: «Não sou benfiquista, mas queria receber o Benfica. Eles dizem que são seis milhões de adeptos. Não iam ao nosso estádio os seis milhões, mas pelo menos cinco ou seis mil. Dava-nos um orgulho enorme ter o nosso estádio cheio.»

Ribeirão: «Queremos ser a revelação da Taça»

O presidente do Grupo Desportivo Ribeirão não tem dúvidas, em vésperas do embate com o Penafiel: «Temos ambição, qualidade, jogadores jovens e queremos ser a revelação da Taça».

O clube da vila de Ribeirão, que ocupa o oitavo lugar da Série B do Campeonato Nacional de Seniores, jogou todas as eliminatórias da Taça de Portugal em casa e o único clube que não saiu goleado do Estádio do Passal foi o S. João de Ver.

Na quarta eliminatória da Taça, a equipa joga novamente em casa contra o Penafiel, segundo classificado da Liga de Honra. Adriano Pereira, o presidente do Ribeirão, garante que o grupo está motivado, apesar de ser «um jogo difícil».

«O Penafiel está a fazer um bom campeonato. Penso que tem uma das melhores defesas a nível nacional e por isso vai ser difícil. Mas a Taça é uma competição especial e sonhamos passar esta eliminatória. Jogar em casa é uma ligeira vantagem e os nossos adeptos estão motivados. Nós queremos que o jogo seja uma festa do futebol e esperamos dar espetáculo», acrescentou o dirigente.

O presidente do Ribeirão garantiu ainda que «era muito bom para a vila de Ribeirão e para os adeptos receber um clube grande, era algo inédito na história do clube».