André Villas-Boas voltou a defender que o FC Porto deveria ter avançado para a renovação de contrato com o treinador Sérgio Conceição logo após o afastamento da Liga dos Campeões, na temporada passada, diante do Inter de Milão.

O técnico portista, recorde-se, termina contrato no final da presente temporada e ainda não renovou.

«Não deixa de ser surpreendente. É muito estranho, numa relação tão amorosa como a que o Sérgio tem com o FC Porto e que o seu presidente tem com o seu treinador, que ainda não tenha havido espaço para uma renovação. Teria sido de grande sentido de oportunidade fazer a renovação após o jogo com o Inter, não só pelo que ele representa para nós, portistas, pelo seu sucesso, mas também pelo sentido de oportunidade, já que é quando estamos mais isolados e tristes que pode surgir um abraço amigo e uma confiança no trabalho para o futuro. É uma pergunta que tem de ser feita ao presidente do FC Porto e ao treinador», afirmou Villas-Boas ao Expresso.

«Certamente responderão que o foco tem de estar no campeonato. Surpreende-me que ainda não tenha acontecido, desconheço as intenções do presidente e do treinador, porque eles não falam do assunto e é tabu há bastante tempo. Tenho pena que assim seja porque o Sérgio, além de tecnicamente muito competente, projeta os valores do FC Porto de uma forma única», acrescentou.

Villas-Boas, que ainda não revelou se será candidato à presidência do FC Porto nas próximas eleições, comentou ainda os alegados desentendimentos entre Pinto da Costa e Sérgio Conceição, que colocaram por diversas vezes o cenário da saída do técnico em cima da mesa.

Para o treinador de 46 anos, o principal problema reside na forma de comunicar do clube.

«Acho que, naturalmente, uma pessoa que se vê, às vezes, isolada na gestão da organização se encontre, por vezes, em situações de poder absoluto e daí achar que é dona da comunicação da sua própria organização. Isto é muito normal nos treinadores, principalmente nas propriedades, já que, como o dono não está presente, a grande comunicação é feita pelos treinadores, visto que os CEOs ou presidentes não estão tão presentes na comunicação. Se a comunicação não for ditada a partir do topo, o treinador rege-a. Como conhecedor do fenómeno diria que esses desencontros têm a ver com a falta de comunicação interna. Dá-me a entender que, no FC Porto, a comunicação está perdida, faz-se a partir das vontades e desejos do treinador. Penso que não deveria ser assim, porque uma organização deveria obedecer a determinados parâmetros de comunicação e creio que as divergências internas acontecem por via de falta de entendimento comunicacional entre as partes», afirmou.