O diretor de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, admitiu recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos por causa do agravamento, pela Relação de Lisboa, da condenação no caso da divulgação dos e-mails do Benfica.
«Este meu caso vai acabar no Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, disso não tenho dúvidas», disse à Lusa, um dia após o Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) agravar-lhe para dois anos e seis meses de prisão, com pena suspensa, a condenação a um ano e dez meses de prisão, imposta em primeira instância, em junho passado.
A decisão do TRL segue-se a um recurso apresentado pelo Benfica, que se constituiu assistente no processo. No entender dos advogados do Benfica, esta decisão reafirma que «não vale tudo e não pode valer tudo».
«A improcedência do recurso dos arguidos e a procedência do nosso, com o consequente agravamento da condenação dos arguidos, reforça a satisfação que a sentença da primeira instância já nos dera, reafirmando -se agora que não vale e não pode valer tudo», referiram os advogados João Medeiros, Paulo Saragoça da Matta e Rui Patrício, numa declaração enviada à Lusa.
Francisco J. Marques admitiu ainda não ter lido o acórdão da Relação de Lisboa, mas deixou elogios à justiça, lamentado que esta nem sempre funcione com a mesma velocidade.
«Há que elogiar a justiça portuguesa pela rapidez (o tema é complexo, com argumentação pesada de ambos os lados e o tribunal conseguiu a proeza de as coisas terem chegado à Relação em meados de dezembro, pelo meio ter havido férias judiciais e num mês decidir). Pena que a justiça não tenha a mesma velocidade a investigar as trafulhices do Benfica, já vai em quase sete anos e ainda não saiu sequer a acusação», disse.
Além de Francisco J. Marques, o TRL agravou também a pena de Diogo Faria, diretor de conteúdos do Porto Canal, de nove meses para uma pena de um ano e cinco meses de prisão, suspensa na execução, depois de as juízas desembargadoras valorizarem o crime de ofensa de pessoa coletiva agravada em relação ao Benfica, nomeadamente pela publicação do livro «O Polvo Encarnado».
«Os arguidos Francisco Marques e Diogo Faria sabiam que não tinham fundamentos sérios para reputar como verdadeiros tais factos, que sabiam serem inverídicos e atentatórios do bom nome das assistentes, mas, ainda assim, quiseram-nos proferir publicamente através da publicação do livro», lê-se no acórdão a que a Lusa teve acesso.
Em 12 de junho de 2023, o diretor de comunicação do FC Porto foi condenado a uma pena suspensa de um ano e dez meses de prisão (em cúmulo jurídico), por violação de correspondência agravada ou telecomunicações e ofensa a pessoa coletiva. No mesmo processo, Diogo Faria foi condenado a nove meses de prisão, com pena suspensa durante um ano, por violação de correspondência ou telecomunicações.
Em setembro do ano passado, o Benfica recorreu da decisão no caso da divulgação dos e-mails no Porto Canal, face à absolvição parcial dos diretores do FC Porto, defendendo que Francisco J. Marques e Diogo Faria deveriam ser «condenados por todos os crimes dos quais vinham acusados e pronunciados», enquanto os arguidos recorreram, contestando a legitimidade de o Benfica apresentar queixa.
O caso da divulgação dos e-mails remonta a 2017 e 2018, com comunicações entre elementos ligados à estrutura de Benfica e terceiros a serem reveladas no programa «Universo Porto – da bancada», do Porto Canal.