O antigo futebolista do FC Porto, João Pinto, é homenageado esta quarta-feira pelo Athletic Bilbao, pela fidelidade ao FC Porto, o único clube que representou como sénior, durante 16 épocas. Horas antes de receber o prémio «One Club Man 2023», algo que vai acontecer antes do jogo dos bascos com o Getafe para a liga espanhola (18h00), João Pinto recebeu uma camisola do Athletic e sublinhou, em conferência de imprensa, que «é muito difícil conseguir jogadores que joguem muitos anos no mesmo clube».

«Não sei como é em Espanha, mas em Portugal e falo pelo FC Porto, é muito difícil conseguir jogadores que joguem muitos anos no mesmo clube, neste caso no FC Porto. Julgo e penso que o futebol de hoje é diferente do que era há 30 anos. Hoje, compra-se por dez [ndr: milhões de euros], para pensar em amanhã vender por 20. Isso torna difícil os bons jogadores continuarem nos mesmos clubes durante muitos anos», referiu João Pinto, agradecendo a homenagem e recordando épocas de êxito do Athletic, campeão em 1983 e 1984.

«Agradeço ao Athletic por se ter lembrado de mim. É uma alegria enorme e, a partir de hoje, num cantinho na cidade do Porto, o Athletic vai ter mais um adepto. É com muita alegria que recebo este prémio. Recordo-me dos anos 80: para mim o Athletic era um clube diferente de muitos outros. Só com jogadores de Bilbau, conseguiram ganhar títulos, na década de 80 o treinador era o [Javier] Clemente e ganhou duas vezes o campeonato, perante adversários como Barcelona e Real Madrid. Penso que temos de dar valor à equipa do Athletic. É muito difícil conseguir jogadores que joguem muitos anos no mesmo clube», observou, recordando os seus pais como exemplos e «heróis» do seu percurso no FC Porto.

«A referência para mim sempre foi o meu pai, foi um simples jogador de futebol. Eu tinha 14 anos quando fui jogar para o FC Porto Num jogo amigável, eu com 14 anos, perguntaram-me se eu queria ir para o FC Porto e eu disse que ia se o meu pai deixasse. Foram falar com o meu pai e ele disse que sim, por isso é o meu herói, o meu exemplo. A quem muito devo é aos meus pais, são os meus heróis», respondeu, lembrando ainda os momentos da conquista da Taça dos Campeões Europeus em Viena, ante o Bayern Munique, onde não largou a taça.

«Nem ao presidente dei a Taça (risos). São coisas que acontecem, nem eu sei como fiz aquilo e há imagens disso: o presidente, para tirar uma fotografia depois do jogo com a taça, ele pegava na taça, mas eu pegava sempre com uma mão, para ele tirar meia dúzia de fotografias e eu pegar nela outra vez. São coisas que acontecem, acho que foi como quando eu era pequeno: quando o meu pai me deu uma bicicleta pela primeira vez, eu não deixava andar os meus amigos, penso que são coisas que acontecem. Agora, passados 30 anos, eu digo: ainda bem que aconteceu, porque hoje quando falam na Taça de 87 contra o Bayern falam na fotografia em que vem o João Pinto. Se tivesse largado a taça, se calhar era o Madjer ou o Futre que aparecia. Hoje, quando falam nessa taça, é o João Pinto que aparece com ela na cabeça (risos)», referiu.

«A ideia é reconhecer a trajetória de um futebolista num único clube. Aquilo que o Athletic mais quer premiar são os valores da lealdade ao clube que te dá oportunidade de triunfar», referiu Jon Ruigómez, vice-presidente do emblema espanhol.