Na véspera do jogo em Famalicão, que pode ainda manter o FC Porto na corrida pelo título, Sérgio Conceição abordou o nervosismo que se tem sentido nas derradeiras e decisivas jornadas do campeonato, aproveitando a conferência de imprensa de antevisão para passar algumas mensagens. 

«Há muitas emoções à flor da pele. É natural que venham cá para fora com mais facilidade, à medida que o campeonato vai terminando. Dá-se muito protagonismo aos treinadores dos quatro grandes e pouco aos restantes, que fazem um trabalho fantástico. Sinceramente, sinto por vezes mais dificuldade em defrontar equipas teoricamente mais acessíveis do nosso campeonato do que em jogar na Liga dos Campeões», começou por afirmar o técnico na conferência no centro de estágios do Olival, acrescentando:

«Não se dá o devido mérito e as pessoas chateiam-se de não se lhes dar o devido protagonismo. Alguns treinadores querem duelos comigo, querem protagonismo, e têm todo o direito disso. Há que dar mais mérito a estas pessoas que trabalham muitíssimo bem.»

De seguida, Conceição virou a agulha para um tema que lhe é caro: o tempo útil de jogo.

«Não temos nenhum jogo nos 20 primeiros da Liga em termos de tempo útil de jogo. Por acaso, o segundo jogo com mais tempo útil é o Benfica-Casa Pia, com 65 por cento. Quando aqui [contra o Casa Pia] houve 49 ou 50 por cento de tempo útil», afirmou, numa conferência onde apenas quatro jornalistas tiveram direito a perguntas, tendo ficado vários outros órgãos de comunicação social, incluindo o Maisfutebol, sem a possibilidade de colocar uma questão ao treinador portista.

Conceição, porém, aproveitou o tempo para dissertar sobre o privilégio de treinadores e futebolistas. 

«Quando estamos apaixonados, não há saturação nenhuma. Temos de viver ao máximo todos os dias. Sou apaixonado pelo que faço. Estou a fazer aquilo que amo e os jogadores têm de pensar exatamente da mesma forma. Há pessoas que se levantam às 5h manhã para trabalhar, que não têm tempo para ver os filhos, que não porque estão no quarto a jogar PlayStation, porque nem a têm sequer. Pessoas que têm outros trabalhos na vida. Nós somos uns privilegiados. Saturação de quê? De escolher um restaurante estrela Michelin para jantar com a família, beber um bom vinho ou uma boa água. Algum desgaste, cansaço, admito, mas isso tem que ver com o futebol», concluiu.

O FC Porto defronta o Famalicão este sábado, às 20h30, em jogo da 33.ª jornada da Liga. Pode seguir tudo aqui AO MINUTO.