Eles sim, sabem que o vício do FC Porto é vencer. Como cantam os adeptos, aliás.

Fala-se, claro, de dois filhos do dragão, aquelas crias da casa, que cresceram com o símbolo do clube ao peito: Diogo Costa e Francisco Conceição.

O primeiro foi a figura da partida, com uma mão-cheia de defesas enormes, que evitaram pelo menos cinco golos certos do V. Guimarães. Já o segundo apareceu nos momentos exatos, a trabalhar sobre a direita para assistir Zaidu para o primeiro golo e a fazer um golaço depois.

Ora na noite inspirada destes filhos do dragão, unidos para vencer, o FC Porto cimentou um triunfo tremendo, de tão difícil. Um triunfo daqueles que no fim podem fazer a diferença.

O V. Guimarães, refira-se, tem o mesmo ADN da equipa de Sérgio Conceição: é um daqueles clubes feitos de fibra e carácter, determinado, agressivo, enérgico. Deixa o sangue subir-lhe à cabeça e gasta até ao último pingo de suor em noventa minutos vividos no limite.

Entrou muito bem na partida, de resto, a pressionar alto a construção do FC Porto, muitas vezes logo na posse de bola de Diogo Costa, e a manter o futebol ligado à corrente.

Como o FC Porto bebe na mesma fonte, o jogo tornou-se furioso, irascível e bravo. O futebol foi jogado sempre nos limites, com agressividade e energia, mas com correção, refira-se.

O V. Guimarães, repete-se, entrou melhor, embora a primeira ocasião de perigo tenha sido de Evanílson, e criou várias situações para marcar que fizeram o FC Porto tremer. Nessa altura, a equipa portista ficou trémula, indecisa, incapaz de reagir perante um adversário que era superior. Sobretudo depois de André Silva abrir o marcador, na recarga a um penálti que, até isso, Diogo Costa conseguiu defender.

Foi valendo à equipa de Sérgio Conceição, nessa fase, a noite muito inspirada de Diogo Costa.

Como o futebol é um jogo que se joga sobretudo na cabeça dos jogadores, tudo mudou num momento contra a corrente. Bastou, aliás, um instante para virar a partida do avesso. Francisco Conceição cruzou, Zaidu ganhou nas costas de Miguel Maga e empatou a partida.

O golo foi um balde de água fria para o V. Guimarães, que estava muito perto de voltar a marcar e de repente viu-se empatado, devolvendo tudo à estaca zero.

A partir daí, o que significa sobretudo na segunda parte, já que o empate surgiu perto do intervalo, o V. Guimarães sentiu o balão da euforia começar a esvaziar aos pouquinhos. Sérgio Conceição sentiu a mesma coisa no banco, lançou Galeno e Taremi para os lugares de Zaidu e André Franco, alargou a frente de ataque para os habituais quatro avançados (tinha entrado em 4x3x3) e tornou o FC Porto ainda mais forte. Até que Francisco Conceição fez o segundo.

É certo que ainda faltava meia hora para o final da partida, mas naquela altura já era o FC Porto por cima, a controlar o jogo, mesmo sem o dominar. O Vitória só uma vez voltou a ameaçar a baliza de Diogo Costa. O que acaba por justificar o triunfo portista, que chegou a parecer tão distante.

Os dragões, portanto, já fizeram a parte deles, igualaram o Benfica à condição e ficam à espera de ver o que dá o dérbi eterno de Lisboa. Seguro que recuperará pontos pelo menos a um rival.