O treinador do Manchester United, Alex Ferguson, confirmou as notícias vindas a público nesta segunda-feira. Wayne Rooney quer mesmo deixar o clube.

O técnico escocês admitiu estar «chocado e desiludido», mas explica que não tem qualquer problema com o internacional inglês.

«Estamos tão confusos quanto as pessoas, não entendemos porque ele quer sair», disse Ferguson, na conferência de imprensa de antevisão ao jogo com o Bursaspor, para a Liga dos Campeões.

O escocês declarou que «a porta ainda está aberta» para Rooney, que lesionou-se num tornozelo, nesta terça-feira, e falha o compromisso com os turcos.

O contrato do avançado termina em 2012 e a imprensa britânica dava conta de que Rooney tinha quebrado as negociações para a renovação.

Numa entrevista à televisão do clube, Ferguson revelou que o director-executivo do Manchester United, David Gill, lhe transmitira a decisão de Rooney, já no Verão.

«Estava no meu gabinete, a 14 de Agosto e o David telefonou-me a dizer que o Rooney não ia assinar novo contrato, fiquei pasmado, porque meses antes ele dizia que estava no melhor clube do mundo», contou Alex Ferguson.

O treinador pediu para falar com Rooney e reuniu-se com o jogador, que «reiterou o que o empresário dissera, que queria deixar o clube». Ferguson revelou o que falou com o avançado: «Disse-lhe: "Tens de respeitar o clube, não quero nenhum disparate da tua parte."»

O escocês prosseguiu: «Não sei se ele respeitou. Tenho algumas dúvidas, porque leio estas coisas de se ter chateado comigo e esses disparates todos. É uma desilusão porque fizemos tudo o que pudemos para ajudar o Wayne Rooney desde que ele chegou. Temos sido um porto de abrigo sempre que teve problemas, estava até preparado para lhe dar conselhos financeiros.»

Alex Ferguson continuou a dizer que, neste caso, os conselhos «não são apenas para o Rooney», pois fez isso com todos. «O Wayne foi beneficiário disso, tal como Ryan Giggs e Paul Scholes foram, por isso, não houve briga nenhuma», repetiu.

«Portanto, chegámos a este ponto, em que temos de tornar a situação clara para os nossos adeptos, uma vez que o que vimos no sábado é inaceitável», disse, sobre o encontro com o West Brom.

«Estava 2-2 e os fãs começaram a cantar o nome de Rooney, o que colocou pressão nos jogadores e não fez bem nenhum à equipa», considerou o técnico.

«Os empresários vivem nos bolsos dos jogadores»

Alex Ferguson também argumentou que está cada vez mais difícil falar com os futebolistas. «Quando se treina o Manchester United há sempre certas coisas com as quais tem de se lidar e passámos por situações idênticas ao longo destes anos», recordou.

«Mas há quase sempre desilusões quando se trata de futebolistas desta era moderna, porque quando se está a negociar um contrato, já não é tão fácil como há muitos, muito anos, numa altura em que o jogador tinha de confiar no treinador», acrescentou.

Ferguson foi mais longe na explicação: «Como treinador, tinha-se mais contacto, até com os pais. Ontem, perguntei ao Van der Sar, que cometera um erro no sábado: "Como te sentes?" Ele disse que o primeiro telefonema que recebeu foi do pai e eu respondi: "Bom, ouve o que ele tem para dizer, é ele quem deves ouvir." Mas isso já não existe, agora lidamos com empresários que vivem nos bolsos dos jogadores. Vivemos num mundo diferente. É uma pena, mas ele existe e temos de lidar com isso.»

Veja as declarações de Alex Ferguson: