Figo vai deixar a Selecção. Pode ainda não ser para sempre, mas, por enquanto, é assim que soa. Uma «pausa» refere o comunicado em que esta quarta-feira o 7 de Portugal anuncia o princípio do «adeus». Uma pausa que, por definição, poderá ser interrompida, mas que, a partir de hoje, fará com que se olhe para aquela camisola com a saudade de muitos e grandes momentos do melhor futebol a que o Mundo e, «muito» em especial, Portugal assistiram. Uma nostalgia que começou a ganhar forma há quase 13 anos.
Foi em 12 de Outubro de 1991 que Luís Figo se estreou na Selecção Nacional, no Luxemburgo. O então jovem jogador do Sporting, com 20 anos, estreou-se como titular num empate (1-1) muito particular por mais dois baptismos significativos: João Pinto e Peixe. Aquela que viria a ser chamada como «geração de ouro» tinha finalmente expressão nos seniores e começava a crescer ao ritmo do talento cada vez mais marcante do seu expoente. Máximo.
Figo foi deixando «indefeso» à força e técnica do seu futebol quem não resiste ao encanto de ver um remate sem defesa possível depois de dois adversários fintados.
Liderou um espírito de vitória que se foi tornando presente, espalhando uma mentalidade de confiança nas capacidades; conduzido por uma vontade imensa de ganhar, guiado pelo profissionalismo de fazer a coisa certa no momento certo.
Depois de 110 internacionalizações pela selecção A, brindadas com 31 golos, Figo decidiu parar. No seu último jogo pela equipa nacional Portugal perdeu com a Grécia e chegou o interregno numa era como «vice» da Europa. Interrompeu uma relação que começou bem antes da estreia pelos seniores; que desde cedo foi, também, marcada pelo sucesso.
São, no total, 171 internacionalizações absolutas em todos os escalões das selecções que Figo representou. E, desde aí, o espírito de vitória esteve presente, com o título europeu sub-16 em 1989 e, dois anos mais tarde, o título mundial sub-20 no campeonato organizado por Portugal. A junção das duas selecções juniores campeãs do Mundo (1989 e 1991) resultou numa geração que colocou Portugal entre as selecções mais respeitadas do Mundo e Figo como o seu emblema.
A decepção pela participação portuguesa no Mundial 2002 é disso bom exemplo. Até porque se seguiu à consagração individual com o troféu FIFA World Player of the Year em 2001. O Euro 2000 tinha sido a última grande competição entre selecções; o grandioso golo frente à Inglaterra (pedra de toque para dar a volta ao 0-2) desfez dúvidas aos mais cépticos quanto ao lugar do 7 português entre as jóias da coroa do futebol mundial, já que o Euro 96 ainda não o tinha permitido.
Decidido a triunfar
Figo tem o mérito inigualável de ter transposto para esta selecção da qual agora se afasta o prestígio ganho e a competência mostrada nos clubes pelos quais passou. O melhor número 7 dos últimos tempos não teve um percurso pacífico, mas os resultados conseguidos deram-lhe razão.
Deixou o Sporting no final de contrato, quis jogar no estrangeiro e foi. Com uma transferência para Itália impossibilitada por assinar por Parma e Juventus, acabou por ir para o Barcelona onde começou a glória «espanhola», com títulos nacionais e europeus. Prosseguiu em Madrid depois da maior transferência - e das mais polémicas - até à data: 12 milhões de contos.
Recorde que valeu a pena para o Real como para Figo. O título europeu de clubes chegou em 2002 a este «galáctico» que veio a tornar-se no presente (a par de Fernando Couto) o jogador mais internacional do futebol português. Do seu valor ninguém tem já dúvidas. E de que ele algum dia teria de deixar a Selecção? Por muito que custe, a resposta também tem de ser «não».
Luís Filipe Madeira Caeiro Figo
Data de nascimento: 04/11/1972
Clubes como profissional: Sporting (até 1995), Barcelona (1995/2000) e Real Madrid (2000/?)
Internacionalizações : 110 A (31 golos); 171 total
Estreia na Selecção A: 12/10/1991 (Luxemburgo-Portugal, 1-1)