Três golos, duas mil pessoas, fogo de artifício, boas promessas de juventude inquieta e… Moussa Marega. Acabou em Oliveira do Douro a temporada 2015/16 do FC Porto, ano três de absoluta seca de títulos, iniciada com a vitória da Supertaça em 2013.

Marega, pois. No triunfo dos dragões por 1-2 sobre uma equipa da principal divisão distrital da AF Porto, a exibição do atacante maliano até teria sido cómica, não fosse ele profissional, principescamente remunerado e com um contrato de longa duração.

Antes dos sinais positivos, que os houve, vale a pena falar sobre o ex-atacante do Marítimo. Marega tentou, Marega correu, Marega lutou, jogou com honestidade e limitações inacreditáveis para alguém que compete a este nível.

Seis campeões da B na festa do Oliveira do Douro

Podíamos falar das receções deficientes ou da precipitação na hora de rematar. Ou podíamos sublinhar a incapacidade de entregar uma bola jogável, a dois metros do colega. Mas tudo isso pode ser resumido num lance ocorrido a meio do segundo tempo.

Em posição de tiro, no coração da área do Oliveira do Douro, Marega recebeu e… escorregou. O estádio reagiu com assobios e gargalhadas, Marega estendeu-se ao comprido no relvado.

O avançado destacou-se no Marítimo, mostrou características interessantes, mas no FC Porto tem sido de uma nulidade comovente. José Peseiro já o percebeu há várias semanas.

Excelente golo de Cláudio, classe de Rúben Neves

Com seis dos campeões da II Liga no onze inicial, o FC Porto teve dificuldades para contrariar o entusiasmo inicial dos gaienses, tomando conta do jogo só a partir dos 20/25 minutos.

O excelente golo de Cláudio Ribeiro – remate em trivela após iniciativa individual – assinala a abertura das hostilidades, sublimadas pelo lateral Rodrigo pouco depois. Toque de Gleison e finalização do brasileiro, já na área oliveirense.

Cláudio e Ribeiro foram, de resto, dois dos que aproveitaram bem a oportunidade de representar a equipa principal. José Sá (defesa extraordinária aos 40 minutos) e Tomás Podstawski, muito fiável no centro da defesa e no meio campo, foram outras das boas notícias desta noite de chuva.

O FC Porto foi sério do princípio ao fim, gerindo bem o controlo do jogo, mesmo sem impor um ritmo frenético. Este não era o jogo ideal para isso.

O melhor, porém, foi uma cara já muito conhecida. E só precisou de 45 minutos. Rúben Neves pôs a bola no chão, tabelou, elevou os padrões de qualidade e confirmou tudo o que dele se sabe. Tem bons pés e cabeça lúcida.

Festa bonita na terra do capitão João Pinto

Num relvado sintético novinho em folha, o primeiro toque na bola foi repartido entre Pinto da Costa e Eduardo Vitor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Gaia.

O líder do FC Porto lembrou a importância histórica desta filial e não esqueceu o eterno capitão de Viena, João Domingos da Silva Pinto, antigo lateral direito dos dragões, cujo primeiro clube foi o Oliveira do Douro.

Atual sétimo classificado na Divisão de Elite da AF Porto, o Oliveira do Douro equipa de azul e branco, tem uma massa associativa ferrenha e um plantel com alguns valores interessantes.

O médio Careca compensa em talento o que lhe falta em volume capilar; Bruninho é um extremo diabólico e deu o que fazer a Rodrigo; Lutchindo fartou-se de incomodar os centrais. Três bons exemplos do valor que pode ser encontrados num escalão regional.

O golo gaiense surgiu em cima do intervalo e nasceu de um canto na direita. José Sá, apertado, abordou o lance com dificuldade e acabou por fazer autogolo.

Foi bonita a festa, foi bonito ver o campo cheio e as gentes de Oliveira do Douro orgulhosas.

FICHA DE JOGO:

Árbitro: Sandra Nogueira

FC PORTO: José Sá (André Caio, 75); Rodrigo, Tomás Podstawski, Bruno Martins Indi e José Ángel (Pité, 75); Rúben Neves (Graça, 46) e Francisco Ramos (André Silva, 62); Gleison (Sérgio Oliveira, 62), Evandro (Chidozie, 46) e Cláudio Ribeiro (Varela, 62); Marega (Leonardo Ruiz, 75).

OLIVEIRA DO DOURO: Miguel Paiva; Pessanha, Hélder Duarte, Nando, Bruno Duarte, Gui, Careca, Óscar, Bruno Sousa, Lutchindo e Bruninho.

Jogaram ainda: Hélder Cardoso (GR), Pedrinho, Nuno, Osvaldo, Edgar, China, Pedro Sá, Daniel Pinto, Edy, Moita e Ivandro

Golos: Cláudio Ribeiro (25), Rodrigo (30) e José Sá (45, p.b.).