Quais são os sectores que mais procuram este tipo de serviços?

Distribuiu-se uniformemente por todos os sectores, quer ao nível dos serviços, quer ao nível da indústria. No entanto, há neste momento sectores a procurar menos. É o caso da banca e dos seguros que estão mais parados, mas também porque temos vindo a assistir a fusões e aquisições.

O mercado estar estagnado não é uma boa notícia.

O mercado não mexer muito não é um bom indicador económico, porque normalmente o «executive search» antecipa os ciclos económicos.

Então 2008 não será muito favorável?

Não acredito que seja um ano de retoma. Sou optimista, mesmo quando os anos correram menos bem mal estava confiante, neste momento não estou. As empresas estão muito preocupadas em gerir a eficiência e isso não implica recrutar pessoas novas. Por exemplo, há muitos profissionais que nem sequer querem ouvir as nossas ofertas.



A verdade é que a retoma está constantemente a ser adiada.

A retoma não tem sido significativa, principalmente quando comparada com outros países, como a Alemanha ou a Espanha. Um dos problemas diz respeito à rigidez das leis do trabalho e enquanto isso não se resolver as empresas têm receio de se meterem em aventuras. Em Portugal é mais difícil despedir do que se divorciar e sai mais caro.

Empresas não deverão suportar trabalhadores indesejáveis

Defende a flexisegurança?

Defendo qualquer coisa desde que seja a liberalização do mercado de trabalho. Quem deve suportar os trabalhadores em situações de aflição deve ser o Estado e não as empresas. Não devo ser proibido de despedir uma pessoa só porque esta vai ficar sem emprego. As empresas só devem absorver as pessoas que necessitam e, se todos pagamos impostos, deve ser a segurança social a suportar as pessoas que não fazem sentido nas organizações.

Nem que seja para substituir por outras.

O nosso desemprego é estrutural e não conjuntural. Como o mercado não é líquido as pessoas não circulam. Quem fica despedido tem dificuldade em voltar a entrar no mercado de trabalho. Se houvesse liberalização não seriam sempre os mesmos a ficarem desempregados. As empresas tinham mais lucros, pagavam mais impostos e suportavam o subsídio de desemprego de quem estava momentaneamente no desemprego. A rigidez da nossa lei laboral torna Portugal muito pouco atractivo ao investimento estrangeiro, torna as pessoas particularmente acomodadas e isso é contra o empreendedorismo.

Mas é uma mentalidade que não se muda de um dia para o outro...

Sim mas enquanto não se liberalizar o mercado não há nenhuma razão para as pessoas mudarem a sua maneira de pensar. Não são as grandes companhias a mover a economia porque estas continuam a ter lucros. A banca ou a PT não dão lucro? Dão, mas não tem sido suficiente para tirar o país deste marasmo.

Qual a solução?

Temos de pôr as pessoas e as pequenas empresas a mexer. Há milhões de pessoas que poderiam gerar muito mais resultados para o país. E isso não se faz por decreto, mas por desconforto e só liberalizando o mercado de trabalho. Reconheço que é uma medida impopular.

Já estamos a meio do mandato acha possível o Governo fazer alguma coisa nesta matéria?

A liberalização do mercado de trabalho é muito complicada, interessa a todos mas não interessa a ninguém particularmente. Ao Governo não interessa, não só a este mas a todos, porque vai arranjar guerra com os Sindicatos. A estes não interessa porque qualquer dia não faz sentido continuarem a existir, se nem sequer conseguem defender o emprego para a vida. Às grandes empresas também não interessa muito, porque estas têm dinheiro para despedir. O que é certo é que o despedimento é possível mesmo sem justa causa, negoceia-se a indemnização e quem tem dinheiro paga. As empresas mais pequenas e fracas são as que ficam prejudicadas com a actual lei porque não têm dinheiro para despedir.

Entrevista na íntegra ao lado