A última temporada do Drive to Survive, popular série da Netflix, sobre o Mundial de Fórmula 1, está a gerar polémica, com vários pilotos a queixarem-se da criação de falsas rivalidades e de uma distorção dramática de histórias que não correspondem à realidade. O mal-estar levou mesmo a organização da competição a pedir uma reunião com a plataforma de conteúdos

A série tem contado com audiências crescentes desde que foi lançada em 2019, mas alguns pilotos e mesmo muitos adeptos da Fórmula 1 não estão nada satisfeitos com os exageros cometidos pela produção.

«Eles falseiam algumas rivalidades que na realidade não existem. Decidi não fazer parte disso e não vou dar mais entrevistas porque não há nada para mostrar», tinha já dito Max Verstappen numa entrevista à Associated Press em 2021.

Stefano Domenicali, CEO da Fórmula 1, está ciente dos benefícios que a série da Netflix trouxe à modalidade, mas também compreende que alguns pilotos não estejam satisfeitos pela forma como são retratados.

O dirigente italiano já abordou a polémica com as equipas e comprometeu-se em pedir à Netflix que modere os «exageros», de forma a que os pilotos se sintam mais confortáveis em participarem no documentário. «Não há qualquer dúvida que o projeto da Netflix teve um efeito tremendamente positivo. Mas, com o intuito de alcançar novas audiências, procurou-se um foco nas situações mais dramáticas», destacou Domenicali em entrevista à Motorsport.

O mesmo dirigente garante que o assunto já foi abordado no Grande Prémio do Bahrein e que foi pedida uma reunião com a Netflix. «Quando um piloto se recusa a participar porque sente que não está a ser representado de forma adequada não é construtivo. Precisamos de um diálogo para perceber como é que ele pode ser incluído num formato que ele senta que é o correto».

Além disso, a Fórmula 1 pretende que o documentário se mantenha fiel à realidade e não procure adornar as histórias. Também vamos falar com a Netflix nesse sentido, porque é necessário que a história não se afaste da realidade, caso contrário não faz sentido. É um assunto que vamos levar à reunião em conjunto com os pilotos. Temos de garantir que o projeto que gerou tantas audiências tenha uma linguagem que continue a ser apelativa, mas sem distorcer a imagem e o significado do desporto que acompanhamos diariamente», disse ainda o CEO italiano.