Confirma-se a estimativa do Eurostat feita há duas semanas: a taxa de inflação da Zona Euro subiu mesmo em Junho para 4%, um novo recorde desde 1999, quando foi criada a área de moeda comum. No conjunto dos 27 Estados-membros da União Europeia, a taxa ficou em 4,3%, revelam dados divulgados pelo gabinete de estatísticas.

As más notícias não ficam por aqui. Várias taxas nacionais atingiram novos máximos. Foi o caso das taxas de inflação francesa e alemã, que atingiram em Junho o valor mais alto dos últimos doze anos.

No caso da França, a taxa subiu para 4%, o valor mais alto desde que o indicador começou a ser divulgado pelo instituto de estatísticas do país, o Insee, em 1996.

Já na Alemanha, a taxa aumentou três décimas e ficou nos 3,4%, valor que é também o mais elevado desde que o gabinete de estatística daquele país começou a divulgar o indicador de acordo com o método harmonizado da União Europeia.

Apesar dos valores parecerem altos, Portugal e Alemanha, ambos com 3,4% têm a segunda taxa mais baixa da Zona Euro, apenas atrás da Holanda.

As taxas mais elevadas couberam à Letónia (17,5%), Bulgária (14,7%) e Letónia (14,5%).

Energia encarece 16% por causa do petróleo

A escalada do petróleo está a fazer disparar os preços da energia, a que se junta a inflação nos bens alimentares. Em Junho, a Energia registou um aumento de preços na ordem dos 16% na Zona Euro, depois de outro de 13,7% em Maio. Este é também um máximo desde que o Eurostat começou a compilar dados relativos à Zona Euro em 1996.

BCE ávido de novas informações

A escalada da inflação levou mesmo o Banco Central Europeu (BCE) a decidir aumentar as taxas de juro de referência para a Zona Euro de 4 para 4,25% no início de Julho. Para já o banco deu sinais de querer deixar os juros neste patamar por mais algum tempo, mas responsáveis da instituição têm reiterado que a mesma tudo fará para garantir a estabilidade de preços, que é a sua principal meta. Para garantir esta estabilidade, o BCE tinha fixado como tecto máximo para a inflação da área do euro os 2%, valor há muito ultrapassado.

Esta terça-feira no Parlamento, o governador do Banco de Portugal, que falava numa comissão de Orçamento e Finanças, admitiu que o BCE não tem qualquer tendência definida para o futuro das taxas de juro. Vitor Constâncio adiantou que os governadores de bancos centrais que formam o conselho do BCE ficaram «numa situação completamente dependente da nova informação que vier a ser conhecida» e que a decisão de aumentar as taxas de juro a 4 de Julho foi tomada depois de se saber que o Eurostat estimava que a taxa de inflação da Zona Euro tinha atingido os 4% em Junho.