Nicolas Anelka revelou agora, mais de dez anos depois, o que correu mal na passagem pelo Real Madrid na temporada de 1999/2000, quando foi contratado ao Arsenal aos 21 anos. Foi ainda um ano antes do início da era dos «galácticos», mas os merengues, na altura comandados por John Toshack, já contava no ataque como jogadores como Savio, Samuel Eto’o, Fernando Morientes e Raúl González.

«Quando assinei pelo Real Madrid, foi o o presidente Lorenzo Sanz que me levou. O treinador não me queria. Três meses depois, o Toshack foi despedido. Foi difícil para mim no balneário. No primeiro dia, não tinha lugar atribuído. Não tinha onde me sentar e comecei a perguntar o que estava lá a fazer. Nesse mesmo dia, o Samuel Eto'o veio ter comigo e disse-me que alguns jogadores mais velhos tinham ido perguntar ao presidente porque é que me contratou, quando já lá estava o Fernando Morientes. Isso foi o início do inferno», revelou o antigo avançado francês em declarações à radio francesa RMC Sport.

No balneário falava-se castelhano e o futebol espanhol era bem diferente do que Anelka tinha jogado em Inglaterra. «Havia muitos espanhóis na equipa e foi muito complicado competir com o Raúl e o Morientes. Não falava espanhol quando lá cheguei... e com o que o Eto'o me disse, fiquei logo na defensiva. E a verdade é que não conseguia fazer a diferença no campo, o jogo era completamente diferente do que tinha no Arsenal. Estava acostumado a jogar em contra-ataque, pensei que iam usar as minhas qualidades... Trabalhei nos meus defeitos, mas não mostrei as minhas qualidades», prosseguiu.

O antigo internacional francês fez apenas uma temporada no Real Madrid e marcou sete golos em 33 jogos. «Não podia ficar duas épocas assim. Foi o único clube em que não me dei bem com os jogadores», destacou ainda.

Anelka acabou por regressar ao Paris Saint-Germain, clube onde se formou, depois jogou ainda no Liverpool, Manchester City, Fenerbahçe, Bolton, Chelsea, Shanghai Shenhua, Juventus e Wes Bromwich, antes de terminar a carreira na Índia, no Mumbai City, em 2016.