A Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública propôs ao Governo uma grelha salarial que prevê um aumento de 55 euros por trabalhador mas o Secretário de Estado da Administração Pública considera que a contenção da despesa não pode ser posta em causa.

Segundo a agência «Lusa», a coordenadora da Frente Comum, Ana Avoila, disse no final de uma reunião negocial no Ministério das Finanças, que propôs alterações à tabela salarial em discussão de modo a fixar o indice base nos 481 euros, o que daria a cada trabalhador mais 55 euros do que o que está previsto na proposta governamental.

«Esta proposta é realista e credível, porque a taxa de inflação já está nos 3,1 por cento, o Governo tem condições para a pôr em prática e os trabalhadores têm sido muito penalizados nos últimos anos», disse a sindicalista.

Esta deveria ter sido a última de duas rondas negociais relativas à transição para o novo regime de carreiras e grelha salarial mas, segundo a frente Comum (CGTP) o Ministério das Finanças ficou de dar uma resposta a esta proposta, o que pode vir a acontecer por escrito ou noutra reunião.

«Nenhum trabalhador perderá um cêntimo»

O secretário de Estado da Administração Pública, João Figueiredo, disse aos jornalistas que todas as propostas apresentadas pelos sindicatos são objecto de analise e têm resposta mas têm de seguir o critério da ponderação e do bom senso.

«Não podemos, com medidas insensatas, pôr em causa todos os esforços que têm sido feitos no sentido de fazer conter a despesa», disse.

João Figueiredo reafirmou que, com esta reforma das carreiras gerais, «nenhum trabalhador perderá um cêntimo» mas a transição para o novo regime «não pode agravar a despesa pública».

Quanto à possibilidade de um aumento salarial intercalar para compensar a perda de poder de compra dos funcionários públicos-que tiveram um aumento de 2,1% este ano-, o secretário de Estado afastou-a dizendo que a negociação salarial ocorre num processo próprio e em momento próprio (segundo a lei em Setembro).

Na reunião desta terça-feira, a Frente Comum propôs também alterações em várias carreiras, no sentido de continuarem a ser consideradas especificas e não gerais, como é o caso dos auxiliares de acção médica ou os auxiliares de acção educativa.

Segundo Ana Avoila, o Governo aceitou manter neste conceito os técnicos de meteorologia, os fiscais da administração local e os operadores de tráfego fluvial.