De acordo com a agência «Lusa», o apelo foi feito numa resolução entregue no gabinete de José Sócrates, no final de uma manifestação que decorreu durante a tarde, em Lisboa.
No documento, aprovado no início do protesto, junto ao Ministério das Finanças, é também reivindicada a alteração do sistema de avaliação da função pública e a revogação do aumento da idade de aposentação.
Na resolução, os trabalhadores da Administração Pública prometem «prosseguir a luta para travar o passo a este Governo e às políticas de direita por ele desenvolvidas, com a destruição de direitos fundamentais e da sua dignidade profissional e laboral».
CGTP: trabalhadores têm «toda a razão»
O secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, que falou aos manifestantes no Terreiro do Paço, disse que os trabalhadores da função pública têm todas as razões para protestar e lembrou, nomeadamente, que estes perderam um décimo dos seus salários nos últimos anos, por terem tido sucessivamente aumentos salariais abaixo da inflação.
Carvalho da Silva criticou o Governo por não admitir a hipótese de um aumento salarial intercalar para este ano-em que os trabalhadores da administração pública tiveram aumentos de 2,1 por cento quando a inflação deverá chegar aos 2,5%-quando todos os anos tem constatado a desvalorização dos salários reais.
Carvalho da Silva considerou que o Governo tem que ter em atenção os anseios dos trabalhadores e os seus protestos sobre pena de se comprometer e derrotar a si próprio.
«A democracia é alimentada pela intervenção dos cidadãos», disse Carvalho da Silva, acrescentando que em alturas de eleições esta intervenção pode ser expressa através do voto e noutras alturas através da participação activa em acções de luta.
Greve: balanço positivo
A coordenadora da Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública, Ana Avoila, fez, perante os manifestantes, um balanço positivo da greve que decorreu hoje na Administração Central e considerou que a semana de luta foi a demonstração do descontentamento acumulado nos últimos anos pelos funcionários públicos.
A manifestação marcou o final da semana de luta convocada pela Federação, afecta à CGTP, para protestar contra o novo diploma dos vínculos, carreiras e remunerações, o congelamento de escalões, a imposição de quotas no sistema de avaliação e o aumento da idade de reforma.
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