Sem surpresa, o Sporting chegou ao final da temporada com mais um arrepiante saldo de fracassos. Vencer a Taça de Portugal era, há muitos meses, a salvação possível de uma época que começou cheia de euforia e rapidamente se esvaziou. A final da Liga Europa foi uma miragem muito mais alicerçada no entusiasmo que no realismo, e a presença nas meias-finais o resultado indireto do único feito realmente relevante da equipa 2011/2012: a eliminação do Manchester City (bem como a anterior vitória sobre a Lazio na fase de grupos).

Terminado o futebol jogado, é tempo de a estratégia de condução da SAD e da equipa de futebol retomar o palco principal. Sem qualquer novidade, bem pelo contrário. Em dois dias, o Sporting despacha o melhor central dos últimos largos anos e vende ao preço da uva mijona o lateral direito que valorizou até à titularidade da seleção nacional.

Polga errou muito nos nove anos que passou em Portugal? Sim, errou alguma coisa, mas muito menos do que lhe é imputado. Esteve mais exposto que qualquer outro, isso sim, sobretudo porque apesar de ano após ano lhe traçarem o banco como destino acabou sempre titular sob o comando de vários treinadores. Estas coisas não acontecem por acaso. E esteve muito exposto, também, porque raramente teve ao lado companhia do mesmo nível.

João Pereira custou três milhões e é agora vendido por 3,68, podendo o encaixe chegar aos 4,2 milhões se factores alheios ao Sporting o permitirem. É pouco para um titular de Portugal e representa uma ligeira parcela da injeção de dinheiro de que a SAD necessita. Enfim, um negócio perfeitamente coerente com o passado recente de um clube que vendeu o capitão de equipa a um rival direto e deixou sair o melhor goleador do século por meia dúzia de tostões.

Isto ainda vai no início e há tempo para chegarem melhores notícias aos adeptos do Sporting. A melhor seria, por ventura, assumir que neste momento não parte para a corrida ao título na mesma posição que os rivais. Aliás esta ideia teria sido boa há alguns anos, mas quando chegam os verões não há gelo que refreie a chama da ilusão.

*Editor TVI

www.futebolcomtodos.pt

www.futebolcomtodos.com


PS - Entre Benfica e FC Porto está a haver ainda mais do mesmo. Vem aí novo ano de acusações, ofensas e irresponsabilidades que por vezes descambam em violência. Enquanto isso os problemas estruturais do desporto português mantêm-se descansadinhos à sombra, que já está calor, a fazer a sua vidinha sem que alguém os incomode.