Um dos clubes apontado como devedor neste período conturbado do futebol português é o Maia. Fontes contactadas pelo Maisfutebol apontam para quatro meses de salários em atraso, apesar do presidente afirmar peremptoriamente que a situação económica do Maia é estável e até pensa apresentar soluções em breve.
José Francisco Vieira de Carvalho não confirma a situação de incumprimento salarial e esclarece que os cinco atletas que rescindiram recentemente (Araújo, Anderson, Neto, Pedro Nuno e Cássio) fizeram-no por «mútuo acordo». Jorge Regadas, o treinador, confirma que se tratou de «uma decisão dos jogadores» e entende que «quem não estiver bem deve sair». De qualquer forma, a preparação do jogo deste domingo no terreno do Moreirense está a ser feita com 23 atletas, nove deles ainda com idade de júnior.
O plantel tem a promessa de que na próxima semana sejam pagos mais dois meses de salário e o líder do clube lá vai dizendo que em termos económicos o Maia é um clube viável. Aliás, pretende «reforçar o plantel nesta reabertura de mercado», procurando satisfazer as necessidades do treinador, acreditando que «as coisas menos boas vão ser resolvidas».
Enquanto o plantel não esconde alguma intranquilidade com as dificuldades económicas, José Francisco sublinha o esforço que está a ser feito para tentar encontrar alternativas. «O Maia tem mais de um milhão de euros a receber e também existem alguns acordos com entidades para que a situação seja resolvida. Segundo os últimos estudos, como o da Deloitte, o Maia é um dos clubes mais estáveis em Portugal. Nós até gostávamos de antecipar os pagamentos, mas neste momento não é possível. O objectivo é fazer uma equipa melhor com menos custos», frisou.
A dificultar este processo está a relação com a Câmara Municipal, que cortou os apoios ao futebol do Maia, mas o presidente do clube aguarda por um acordo, até porque assegura que «o que o Maia tem a receber da Câmara dá para pagar uma época inteira». Apesar de não haver consenso à vista, José Francisco acredita que o processo deverá ter conclusão «proximamente».
Treinador abre a porta aos insatisfeitos e não altera objectivos apesar dos problemas
Jorge Regadas, que saiu do F.C. Marco no início da temporada e rumou ao F.C. Maia, não se mostra preocupado com o panorama financeiro e desportivo do clube, alinhando pelo diapasão do presidente. Em conversa com o Maisfutebol, abriu as portas aos jogadores que não se sentirem bem com a situação, como já aconteceu com cinco atletas, e garantiu que continua a entrar em todos os campos para ganhar, como irá acontecer no domingo, frente ao Moreirense, apesar do crescente recurso aos juniores.
«Estava preparado para esta situação quando vim para o clube. Estou perfeitamente de acordo que um jogador que não se sinta bem com a situação possa sair, porque só quero trabalhar com quem está inteiramente disponível. Não me preocupo se tiver de jogar com os juniores. Tenho um plantel de 23 jogadores, nove deles dos juniores e devidamente inscritos, e estão todos disponíveis, portanto não tenho problemas a esse nível. Quem não está bem, sai. Não admito greves, não se enquadra na minha filosofia, mas procuro sensibilizar a direcção para os problemas dos jogadores», explicou Jorge Regadas, lamentando a resolução «na praça pública de problemas que devem ser discutidos internamente». «Estão a denegrir o futebol», concluiu o treinador.