Ajudar a formar a próxima elite dirigente do futebol no século XXI parece tarefa suficientemente aliciante para alguém que sempre demonstrou entusiasmo pelos desafios mais exigentes. Mas o holandês prefere falar em termos mais gerais: «O nosso trabalho, a nossa responsabilidade, não se esgotam nisso. O importante é que jogadores e ex-jogadores tenham disponibilidade e argumentos para dialogar, aprender, criar novas ideias e perceber melhor o mundo em que estão envolvidos». 

Mas faz o que eu digo, não faças o que eu faço, parece ser a lição a colher da sua experiência de vida. Cruijff sorri quando se lhe pergunta se se sente capacitado para assumir, um dia, os comandos de um grande clube ¿ quem sabe se do Barcelona, a cuja história vai ficar para sempre ligado. A resposta, bem à sua maneira, é mordaz: «Não, porque não sou suficientemente político na forma de agir. Falo demasiado, muitas vezes antes do tempo, o que é mal aceite neste meio».  

Um meio que parece ter definitivamente abandonado, pelo menos no que se refere a trabalho de campo. Ou talvez não, com Cruijff nada é garantido: «Há muitas coisas que me atraem e estimulam nesta nova actividade. E há várias formas de contribuir para o desenvolvimento do futebol e do desporto. Mas nunca se sabe se um dia não voltarei...».