Paolo di Canio foi hoje o protagonista no empate entre o Everton e o West Ham (1-1), em Goodison Park, na sequência de um extraordinário gesto de desportivismo raro em jogos de alta competição. 

O West Ham tinha conseguido restabecer o empate há poucos minutos quando, já em periodo de compensação, o guarda-redes do Everton, Paul Gerrard, saiu da sua área em corrida procurando antecipar-se a Kanoute. O guardião do Everton caiu subitamente lesionado num tornozelo e a jogada prosseguiu para os pés de Trevor Sinclair que colocou a bola na área. Os defesas do Everton olharam, com desespero, para Di Canio que tinha a baliza totalmente à sua mercê. 

No entanto, para surpresa de todos, o avançado italiano agarrou a bola com as mãos, de forma a interromper a partida e permitir imediata assistência a Paul Gerrard. A reacção do público foi imediata. De pé, todos os espectadores presentes no Goodison Park aplaudidiram de pé a atitude de Di Canio. 

O italiano acabara de negar a vitória à sua equipa. Gerrard saiu de maca e foi substituído por Steve Simonsen ainda sob os aplausos dos 30 mil adeptos ainda incrédulos com o gesto do italiano. 

Di Canio ganhou fama no futebol inglês pelo seu sangue quente e atitudes intempestuosas. Há duas épocas foi severamente castigado por ter agredido em campo o árbitro Paul Alcock. Por isso, a sua atitude no jogo de hoje ganha ainda maior destaque. 

No final da partida, Harry Redknapp mostrou-se surpreendido pelo gesto do seu jogador, revelando que foi o maior acto de desportivismo que já assistiu. «Estaria a mentir se dissesse que estava contente. Foi um fantástico acto de desportivismo. Nunca tinha visto uma coisa assim num campo de futebol, foi certamente pouco habitual. O problema é que não sei se outra equipa faria o mesmo por nós. Não repreendi Paolo, fez o que fez, um belo gesto de fair-play, tendo em atenção tudo o que já se disse sobre ele no passado». 

O treinador do West Ham estava nitidamente dividido entre os elogios ao desportivismo manifestado pelo seu jogador e a oportunidade perdida de ter saído de Goodison Park com uma vitória. «Foi um choque. Queriamos ter ganho. O guarda-redes seria assistido de qualquer maneira. Admito, pensei que o Paolo fosse marcar. Podia ter recebido a bola no peito e atirado para a baliza. Mas o Paolo é assim». 

Walter Smith, treinador do Everton, estava nitidamente mais satisfeito pela atitude de Di Canio. «Foi muito criticado no passado, mas uma pessoa que faz o que ele fez por um companheiro merece um imenso crédito».