«Boa Nuno», «Bonita Nuno». Foi ao som destas palavras que Nuno Delgado, o único atleta português medalhado até ao momento nos Jogos Olímpicos de Sydney, foi hoje recebido por muitos familiares e amigos à chegada ao aeroporto da Portela, numa recepção bastante calorosa. 

Entre cartazes que diziam «Benvindo a casa» e «Boa Nuno», um grupo de crianças, primos e amigos, com t-shirts estampadas com a fotografia do judoca e dizendo «Parabéns campeão», esperaram ansiosamente a sua chegada. 

Para quem passou dois dias em viagem, Nuno chegou bem disposto e sorridente. O assédio dos jornalistas obrigou a que as primeiras palavras fossem para os gravadores e microfones, mas o primeiro abraço, mesmo sem palavras, foi para a mãe. Seguiram-se inúmeros abraços aos imensos amigos que gritavam, «Vamos a Fátima! Vamos a Fátima!»  

Os amigos prometeram ir a Fátima se o judoca conseguisse um bom lugar em Sydney. «A promessa é deles, mas eu vou acompanhá-los», disse Nuno entre sorrisos. A história tem a ver com o cinto que lhe foi oferecido pelos colegas e que Nuno usou em Sydney. Um dos amigos disse que se Nuno ganhasse uma medalha iriam todos a Fátima a pé. 

A bandeira do Sport Algés e Dafundo, clube de Nuno Delgado, não faltou à recepção, como não podia deixar de ser. E lá estava hasteada no meio de outras faixas de Parabéns. Apesar de tanta festa, Nuno diz não se sentir um herói nacional. «De maneira nenhuma, apenas um atleta como outro qualquer.»  

Calmo e disponível para todas as perguntas, o atleta acedeu imediatamente ao pedido de pôr a medalha ao peito. Entre aplausos e flash fotográficos, os olhos de todos os amigos e familiares puderam finalmente ver a tão ansiada medalha. 

Aos 24 anos, Nuno Delgado pode orgulhar-se de ter sido o único atleta nacional a subir ao pódio em Sydney, até agora, e o único a conquistar uma medalha olímpica no judo português, por isso as honras e dedicações vão todas para o judo nacional. «Um ponto de viragem para o judo nacional, espero que aproveite», assim disse a judoca. Mas, por enquanto, a medalha vai ficar guardada na casa de sua mãe. 

«Uma alegria muito grande, vários sentimentos inesperados, e o contentamento de atingir um grande objectivo», foi assim que o judoca de origem cabo-verdeana descreveu a sensação de ganhar uma medalha de bronze. A medalha de ouro, essa, pode ser «que aconteça um dia». «Mas estou muito contente com o meu lugar», disse.