Nas vésperas do Inglaterra-Brasil, jogo dos quartos-de-final do Mundial-2002, é incontornável recordar Gordon Banks, considerado por muitos, ao lado do russo Lev Iashin, como um dos melhores guarda-redes de todos os tempos. Apesar de ter sido campeão do Mundo em 1966, no Mundial de Inglaterra, a imagem do guarda-redes inglês ficou imortalizada num Inglaterra-Brasil do Mundial-70, onde protagonizou uma das defesas mais improváveis de todos os tempos. A Inglaterra perdeu (0-1), mas para a história ficou a espectacular defesa do guardião inglês.

A expectativa, no Mundial do México, era em tudo idêntica há dos dias de hoje. A Inglaterra, com o título de campeã mundial conquistado em 1966, e o Brasil, com uma equipa de «estrelas» lideradas por Pelé, eram favoritos à conquista do título e encontraram-se logo na primeira fase, em Guadalajara. Em causa estava a vitória no Grupo C, que permitiria ao vencedor escapar à temível Alemanha de Muller e Beckenbauer nos quartos-de-final.

O Brasil entrou melhor na partida e, na marcação de um pontapé de canto, a bola foi levantada para a área onde surgiu Pelé a cabecear para o poste mais distante. O golo parecia uma certeza, mas Banks surpreendeu toda a gente com um espectacuar salto, desviando a bola junto ao solo, perto do seu poste direito, fazendo-a sair por cima da barra. O salto de Banks ficou imortalizado como a «defesa do século».

Na sua autobiografia, «Banks of England», o antigo guarda-redes recorda a defesa: «Pelé elevou-se e cabeceou com força, de cima para baixo, para a baliza. Foi uma cabeçada perfeita. Eu mergulhei para a minha direita e abola bateu no solo sobre a linha e afastei-a com as costas da mão para cima», contou. Na altura, Pelé chegou a gritar «golo» e mais tarde diria que foi a melhor defesa que já tinha visto.

A defesa heróica de Banks não seria, no entanto, suficiente para a Inglaterra evitar a derrota. Já na segunda parte, Jairzinho, a passe de Pelé, bateu Banks na caminhada para o título que a «canarinha» acabaria por conquistar com uma vitória sobre a Itália na final (4-1). A Inglaterra ainda chegou à segunda fase, mas caiu nos «quartos» após derrota com a Alemanha (2-3, a.p.).

Durante dez anos, Banks foi considerado o melhor guarda-redes de todos os tempos. A Inglaterra, com Banks na baliza perdeu apenas por nove vezes em 73 jogos e completou 35 sem ter sofrido golos.

No Mundial-66, Gordon Banks já se tinha destacado pelo facto de ter jogado 442 minutos sem sofrer um único golo. A marca do guarda-redes inglês caiu com um golo de Eusébio, na marcação de uma grande penalidade, na famosa meia-final que fez ruir o sonho dos portugueses. Um jogo que também deixou marcas profundas em Gordon. «Se tivesse que escolher um dos setenta e três jogos que fiz pela Inglaterra como número um, teria que ser este. O futebol praticado nessa tarde em Wembley nunca foi, na minha experiência, superado», escreveu Banks na sua autobiografia.

Um acidente de viação em 1972, que lhe provocou um golpe profundo no seu olho direito, obrigiu-o a precipitar o final da carreira, apesar de ainda ter tentado regressar no ano seguinte. O adeus em definitivo chegou em Agosto de 1973.

Clique aqui para ver uma descrição gráfica e uma fotografia da «defesa do século» num site de Gordon Banks.

Ficha do jogador

Nome: Gordon BANKS 
Posição: Guarda-redes 
País: Inglaterra 
Data de nascimento: 30/12/1938

Internacionalizações: 73

Clubes que representou: Millspaugh Steelworks, Rawmarch Welfare, Chesterfield, Stoke City, Leicester City e Fort Lauderdale Strikers.

Distinções: melhor jogador de Inglaterra em 1972º; medalha de mérito do Império Britânico.

Gordon nos Mundiais

Presenças em fases finais: 2 (1966 e 1970) 
Lugares de honra: campeão (1966) 
Jogos/minutos: 9 j/840 m (4 golos sofridos) 
Jogos sem golos sofridos: 6 (4 em 1966, 2 em 1970) 
Outras distinções: Nomeado para o onze ideal do Mundial 1966