O futebol abre caminho aos Jogos Olímpicos de Sydney 2000. O torneio de futebol começa dois dias antes da própria cerimónia de abertura da competição e é já nesta quarta-feira que 16 selecções vão lutar pela vitória numa competição que, ao contrário de quase todos os outros desportos, não atinge a sua expressão máxima a cada quatro anos, nos Jogos Olímpicos. 

A vitória no torneio olímpico está longe de ser a mais ambicionada por qualquer selecção do mundo. Mas há algumas coisas que não mudam. Nas bolsas de apostas das casas inglesas, o melhor barómetro para estas coisas, os favoritos à vitória no torneio olímpico são... Brasil e Itália.  

Mais ou menos os mesmos de sempre, seja em que prova for. As duas selecções, como a maioria dos concorrentes no torneio olímpico, levam à Austrália uma equipa constituída por jogadores menores de 23 anos, tendo abdicado de recorrer à regra instituída nas últimas Olímpiadas que permite a inclusão de três jogadores maiores de 23 anos. 

Essa regra foi uma concessão da FIFA ao movimento olímpico, no meio de um braço-de-ferro que dura há muito. Durante muitos anos, quando não era aberto a profissionais, o torneio olímpico de futebol foi terreno para a afirmação de selecções do Leste, nomeadamente as grandes equipas húngaras dos anos 50 e 60. 

Quando os Jogos se renderam ao profissionalismo, foi a vez de o Comité Olímpico Internacional fazer força para ter os melhores no torneio de futebol. Mas a FIFA não quis distrair as atenções do seu Campeonato do Mundo e acabou por se instituir que o torneio olímpico se restringiria a jogadores não seniores. 

Zamorano entre os jovens 

Ainda assim, os futebolistas que estarão em Sydney são todos profissionais, ainda que sejam poucos os grandes nomes do futebol mundial. Ivan Zamorano, o avançado chileno do Inter Milão, é a principal estrela da companhia e um dos poucos sub-23 que fez questão de ir aos Jogos. 

A sua presença, como a de uma selecção italiana constituída quase só por jogadores que representam equipas da série A, foi facilitada pelo adiamento do início do campeonato italiano, que só arrancará depois do torneio olímpico. 

O futebol italiano foi o único que alterou o seu calendário por causa dos Jogos. De resto, o futebol profissional ignorou olimpicamente a prova. A Liga dos Campeões, na Europa, arrancou precisamente em cima do torneio olímpico. 

No meio de uma agenda sobrecarregada, repetiu-se a velha guerra entre clubes e Federações sobre a dispensa de jogadores. Foi assim em Itália, em Inglaterra e um pouco por toda a Europa, o grande importador de futebolistas, num processo que afectou jogadores de quase todas as selecções presentes, da Nigéria à Austrália. 

Portugal ausente, Marchena na Espanha 

Portugal ficou fora dos Jogos ao ter falhado o apuramento para o Europeu de sub-21 deste ano, numa eliminatória com a Croácia. A selecção nacional falhou, assim, a segunda presença consecutiva, após o quarto lugar de Atlanta 96. 

De Portugal foi para a Austrália Marchena, o defesa central do Benfica que tem lugar garantido na selecção espanhola da categoria. A Espanha é, também uma das fortes candidatas ao título, com uma equipa que integra muitos dos actuais campeões do mundo de sub-20.

O Brasil entra sempre para ganhar e rodeado de um clima de euforia que ajuda muito a criar espírito positivo. Os brasileiros, desiludidos com a selecção principal, depositam agora as esperanças nos olímpicos, liderados pela nova coqueluche do futebol brasileiro, Ronaldinho Assis. Como acontece em todo o lado, a selecção brasileira, que se estreia na competição quinta-feira, frente à Eslováquia, tem atraído milhares de pessoas aos seus treinos. 

Mas há mais gente na corrida ao ouro. Nomeadamente a Nigéria, que vai tentar repetir a proeza da vitória em Atlanta, mesmo se desta vez não conta com grandes vedetas seniores. A selecção campeã olímpica inaugura hoje o torneio, frente à equipa das honduras, pelas 08:30. 

O futebol reinará sozinho nos Jogos durante dois dias. Mas, mesmo que não tenha sempre as luzes da ribalta, ainda para mais num país onde está longe de ser o desporto mais popular, é garantido que será aquele que atrairá mais gente aos Jogos. Espera-se mais de um milhão de pessoas nos 32 jogos do torneio. 

Grupo A: Nigéria, Honduras, Austrália e Itália 

Grupo B: Coreia do Sul, Espanha, Marrocos e Chile 

Grupo C: Camarões, Kuwait, EUA e Rep. Checa 

Grupo D: Brasil, África do Sul, Japão e Eslováquia