Um castigo mais do que merecido para o Guimarães. Assim se pode definir o golo do empate do Gil Vicente, obtido no terceiro dos quatro minutos de compensação dados pelo árbitro, e que tornou a vida das duas equipas na tabela classificativa ainda mais complicada. A equipa de Vítor Pontes, talvez desmotivada pela eliminação da Taça de Portugal, não tirou dividendos do penalty duvidoso de que beneficiou na primeira parte, nem, tão pouco, da vantagem numérica com que jogou durante mais de 50 minutos. Acreditou o Gil, acreditaram os adeptos da casa e, sobretudo, acreditou João Vilela, que marcou o seu primeiro golo na Liga portuguesa.
Cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém, mas também não fazem particularmente bem ao futebol. Gil Vicente e Guimarães entraram em campo com as preocupações pontuais bem evidentes nos esquemas escolhidos por ambos os técnicos. Um meio-campo sobrepovoado que resultou naquilo que se esperava: muita luta, pouco espectáculo e verdadeiras oportunidades de golo nem vê-las. A necessidade de pontuar a isso obrigava e foi preciso esperar 38 minutos para que a emoção descesse ao relvado do Cidade de Barcelos.
Emoção, mas também revolta, num lance que se conta em poucas palavras: cruzamento da esquerda, saída incompleta de Paulo Jorge e a bola a sobrar para Svard, que rematou de pronto para a baliza gilista. A bola embateu entre o peito e o braço de Gregory, com o assistente de Paulo Costa a assinalar de imediato grande penalidade. O árbitro seguiu a indicação do seu colega de equipa e não teve outra hipótese que não expulsar o central da equipa da casa, porque, apesar do penalty não ser evidente, tratava-se de um lance de golo eminente. Um duplo castigo que o Gil Vicente transformou em força e em vontade.
Tiro no pé
Em vantagem graças ao golo de Cléber e em superioridade numérica, o Guimarães tinha tudo para vencer o encontro. Tudo menos ambição. A começar por Vítor Pontes que, aos 56 minutos, decidiu tirar Benachour, o elemento mais criativo da sua equipa, como que a convidar o Gil Vicente a atacar mais. Os galos agradeceram e não se fizeram rogados, até porque Paulo Alves já havia prescindido de Braima para apostar num Luís Coentrão mais ofensivo.
Empolgaram-se os adeptos com os raides de Carlitos pelo flanco direito, desesperam os adeptos com os falhanços de Nandinho e Luís Coentrão. Vítor Pontes percebeu que a sua equipa perdia por completo o controlo dos acontecimentos e nem a excelente atitude de Cléber no flanco esquerdo, após a saída de Paíto, dava para disfarçar. Lançou Wesley e o brasileiro conseguiu, a espaços, fazer com que a bola se aproximasse novamente da baliza de Paulo Jorge, mas sem verdadeiro perigo.
Apesar de nada estar a fazer para o merecer realmente, o Guimarães encaminhava-se para a vitória e alguns adeptos gilistas atiraram a toalha ao chão, abandonando o estádio ainda antes do final do encontro. Não acreditaram, mas deviam ter acreditado. Aos 93 minutos, Carlitos voltou a ser fundamental no flanco esquerdo, a bola sobrou para João Vilela e o miúdo deu uma alegria enorme aos adeptos que não deixaram de acreditar. A festa foi grande, mas o ponto conquistado de nada serve a qualquer uma das equipas. O Paços de Ferreira ganhou ao Estrela da Amadora e ultrapassou Gil Vicente e Guimarães na tabela classificativa. A tarefa é cada vez mais difícil, até porque, na próxima jornada, o galos vão ao Dragão e o Guimarães recebe o Sporting.