Será que daqui a seis anos a base do 11 da Seleção Nacional passará por jogadores que chegaram longe nos europeus de sub-19 ou no mundial de sub-20 dos últimos três anos?

Ilídio Vale, em grande entrevista ao Maisfutebol, aponta caminhos. Mais do que certezas.


Van Gaal, selecionador da Holanda terceira classificada no Mundial-14 e recém-entrado no Manchester United, disse recentemente: «Penso sempre a longo prazo, dou hipóteses aos jovens da casa. Eles têm a cultura do clube, conhecem-na e transmitem-na. Quando se compra um jogador de fora, tem que se esperar que ele a adquira. Há que fazer a adaptação, que pode resultar ou não. É mais difícil, mesmo para o jogador». É por aqui que os outros treinadores de clube têm que ir?

Agrada-me muito essa visão. O futebol português com a sua operacionalização ficaria muito mais forte. Mas convenhamos que é necessário compreender a sua complexidade atual.


Leia ainda nesta entrevista:





Em função da sua experiência na área, acredita que lá para 2020 a Seleção Nacional tenha como base esta equipa de sub-19 que foi vice-campeã europeia? Ou ainda não será desta?

Esta geração tem qualidade, mas convém referir que outras gerações anteriores, como de 1994, 1993, 1992, 1991 e outras, revelam ou revelaram também alguns jogadores com muita qualidade. “O caminho constrói-se, caminhando” e este ainda é muito longo e difícil até ao “topo”. O futuro dependerá da qualidade dos seus desempenhos e das oportunidades que lhe serão concedidas ao mais alto nível (fundamental) para poderem expressar e continuará a desenvolver o seu talento. Temos boas expetativas quanto ao futuro destas gerações, no âmbito das seleções nacionais. Espero que continuem a trabalhar muito e em contextos de qualidade e que lhes continuem a estimular a “fome do sucesso, que hoje evidenciam.



Há uma idade crucial para se perceber se «aquele jovem vai dar jogador»? Ou isso varia? É possível, por exemplo, detetar um futuro craque depois dos 16 ou 17?

É um aspeto que deve diferenciar a qualidade dos treinadores que trabalham na formação, porque é o exercício mais difícil que terão que na sua função. Mas, ao mesmo tempo, é um exercício muito importante, pois aos jovens, mais talentosos, devem ser proporcionados, o mais cedo possível, contextos de aprendizagem e aperfeiçoamento de qualidade e complexidade ajustada ao seu nível de aptidão, de competência e superiores aos demais. É importante não criarmos condições que sejam castradoras à evolução e maturação do jovem futebolista. Portanto, quanto mais cedo formos capazes de identificar o talento e o compreendermos, mais qualificado será o nosso trabalho!