O Queretaro não desceu de divisão há um ano porque o seu dono comprou outra equipa, mudou-a de cidade, extinguiu-a e ficou com os seus direitos desportivos,. Não foi o único, diga-se. Mas menos de um ano depois Amado Yáñez, o tal dono, está a ser investigado numa mega-fraude e o clube arrisca-se a ficar sob administração governamental. Uma enorme embrulhada, mesmo para os pârametros da confusa organização do futebol mexicano.

Não há sossego para os adeptos dos Gallos Blancos de Queretaro. Fundado em 1950 como Queretaro Futbol Club, ao longo dos tempos já passou por vários desaparecimentos, fusões e renascimentos. A primeira vez que «acabou» foi no final dos anos 70, quando se fundiu com mais dois clubes, dando lugar a um outro, chamado Atletas Campesinos. Renasceu, voltou a fundir-se, voltou a aparecer, ganhou títulos: dois torneios de subida ao escalão principal. 

Mas em termos desportivos as coisas não estavam bem há um ano. Em maio de 2013, terminou o torneio Clausura na última posição e foi despromovido em campo à segunda divisão do futebol mexicano.

Não passaram 15 dias até reaparecer. Amado Yáñez, de 49 anos, entrou por essa altura à grande no futebol mexicano. Comprou o Jaguares de Chiapas (além de dois outros clubes de escalões inferioresm duma assentada) e transferiu-o para Queretaro.

Nesse ano houve nada menos que três processos parecidos no futebol mexicano. Chiapas não ficou sem futebol de primeira: mudou-se para lá o San Luis FC, que desapareceu, e deu lugar a um novo clube, o Futebol Clube Chiapas. E houve ainda outra mudança: o La Piedad, que tinha conseguido a promoção, mudou-se para o estado de Veracruz, para dar lugar a um clube chamado Veracruz.

Acontece tudo dentro da legalidade, defendem as autoridades do futebol mexicano. «O movimento do Club Jaguares para a cidade de Queretaro está contemplado nas regras», disse na altura Decio de Maria, presidente da Liga mexicana.

Em campo, o Queretaro foi sétimo na fase regular do Torneio Apertura e foi afastado nos quartos de final pelo Santos Laguna, treinado pelo português Pedro Caixinha. Agora, no Torneio Clausura, as coisas estão complicadas, a equipa ocupa o 13º lugar e vem de três derrotas seguidas.

Amado Yanez chegou com estrondo, no final de 2013 até quis internacionalizar-se e esteve em negociações para comprar o Alcórcon, de Espanha, mas o negócio não avançou. Mas perdeu gás rapidamente. Deixou de pagar salários no Queretaro, esta semana o treinador Ignacio Ambriz admitiu que há pelo menos um mês em atraso.

Agora as coisas complicaram-se para o empresário, no centro de uma investigação que parte dos Estados Unidos, onde a justiça investiga a companhia de serviços financeiros Citigroup e uma sua subsidiária, a Banamex, suspeita de ter gasto 400 milhões de dólares em empréstimos fraudulentos a uma empresa de Yánez, a Oceanografia.

A empresa que opera nas áreas marítima e petrolífera foi colocada sob alçada das autoridades mexicanas, que podem fazer o mesmo ao clube, segundo admitiu um alto funcionário do Governo do país citado pela Reuters: «Vamos tomar controlo do Queretaro, não sei bem quando, mas vamos tomar-lhe o controlo.»

De acordo com os regulamentos da Liga mexicana, o clube corre mesmo o risco de ser excluído das competições. A desafiliação está prevista no caso de o seu dono ou dirigentes incorrerem em atos ilícitos.

O futuro do clube é, mais uma vez, incerto. Já se especula no México que pode aparecer um novo comprador, mas para já não há nada de concreto. «Não temos nenhuma informação oficial. Especulou-se que há investidores, que a equipa está vendida, mas nenhuma dessas situações é real», disse nesta terça-feira Adolfo Rios Garcia, o presidente do Queretaro.