E aí está a primeira surpresa do Euro-2012 e logo no grupo de Portugal. A Dinamarca venceu a vice-campeã mundial Holanda por 1-0 e pôs o favorito Laranja em grandes dificuldades, uma vez que o seu próximo encontro é com a Alemanha. O coletivo nórdico superiorizou-se às individualidades laranjas, muito dependentes dos rasgos de Robben e Van Persie ¿ só Sneijder esteve perto do seu nível -, e vai para a segunda jornada mais tranquilo.

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Na defesa holandesa, estreava-se Willems, tornando-se o mais novo de sempre num Europeu, batendo o belga Enzo Scifo, e colocando a fasquia nos 18 anos e 71 dias. Mas foi Afellay a surpresa de Bert van Marwijk na estreia. Depois de pouco mais de 120 minutos em toda a temporada pelo Barcelona, o extremo relegou para o banco Kuyt e Van der Vaart. As coisas não lhe correram bem, mas não foi só por aí que a Laranja não se conseguiu impor. Num onze com dois médios defensivos em linha, De Jong e Van Bommel, e com pressão nórdica logo a meio-campo, não houve tempo e espaço para construir, decidindo com o passar do tempo fazer balões por cima de todo o setor intermédio, à procura de Van Persie e do baixinho Sneijder (!). A ideia conseguiu um ou outro momento de superioridade, mas pouco mais.

A partida começou com a bola do lado dos holandeses. E, depois de ter dado a sensação que, apesar de terem sido obrigados a abdicar da sua identidade de toque de bola até à área rival, iriam com o tempo conseguir adiantar-se no marcador e vencer, surgiu o golo de Krohn-Dehli (24º minuto). É verdade que até esse nó cego em Heitinga (aquilo é um central?) e o remate cruzado entre as pernas de Stekelenburg pouco tinha surgido por parte dos homens de Morten Olsen, mas, a partir daí, o moral subiu tanto que estes começaram a trocar a bola com classe quase latina e ameaçaram o segundo ainda na primeira parte. Novamente por Krohn-Deli, que os portugueses já tinham descoberto no primeiro golo da vitória da Dinamarca (2-1) em Copenhaga. A Holanda sentiu o golo sofrido e passou por dificuldades inesperadas na defesa.

Mesmo assim, à deriva, a Holanda poderia ter minimizado os estragos. Andersen, aos 37 minutos, deixou a bola no perigoso pé esquerdo de Arjen Robben, que acertou no poste direito. Mas, antes do intervalo, o herdeiro do histórico Sorensen, lesionado antes do Euro, redimiu-se. Fez a mancha a Van Persie, depois de uma bola longa ter sido cortada por Agger para os pés de Sneijder, de muito longe o mais esclarecido dos holandeses (43). Pelo meio, ainda os dinamarqueses, com Zimlig a não ter arte para fechar uma jogada muito bonita, com cruzamento de Jacobsen (41).

Mais Sneijder, um pouco mais de Holanda

Os holandeses entraram melhor no segundo tempo e em poucos minutos tiveram oportunidades suficientes para empatar. Van Marwijk juntou mais os setores no balneário, Sneijder teve mais bola e Van Bommel subiu uns metros no tapete. Seguiram-se muitos remates e a sensação de que os «Vikings» estavam encostados às cordas. O 10 holandês distribuía assistências, mas Van Persie (50 e 51) não estava em dia afinado. Depois, foi Van Bommel e Andersen a defender para canto (52). A Dinamarca reagiu e voltou a segurar mais a bola, e toda aquela pressão laranja dissipou-se um pouco.

A derrota começava a insinuar-se junto dos holandeses. Com os nórdicos a recuperar o controlo, o 1-0 pesava cada vez mais. Sneijer era o menos convencido e continuava a distribuir passes fabulosos. Um para Robben (64), que cabeceou por cima; e uma trivela deliciosa para Huntelaar, com a mancha de Andersen a fazer esquecer Sorensen em todo o país.

Sim, houve um penalty, a cinco minutos do fim, de Jacobsen, a jogar a bola com a mão duas vezes dentro da área, mas os homens de Morten Olsen mereceram o erro do árbitro esloveno. Foram muito mais equipa, e para favorito a Holanda mostrou pouco. À atenção de Portugal.