Recomeçar. Acontece a todos os jogadores de futebol sempre que mudam de clube e, na maior parte das vezes, recomeçar significa também mudar de país, língua, cultura e gastronomia.

Este ano Hugo Almeida foi obrigado a recomeçar duas vezes. Em outubro rumou a Itália e em janeiro mudou-se para a Rússia, onde representa o Kuban Krasdonar. Em cerca de 15 anos a jogar futebol soma assim o quinto país: depois de Portugal, naturalmente, da Alemanha (Werder Bremen) e da Turquia (Besiktas).


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Ao Maisfutebol, o internacional português admitiu que tem ultrapassado relativamente bem esses obstáculos: « É sempre difícil mais um país novo, uma nova cultura, uma nova língua e novos métodos, mas a experiência está a correr bastante bem. Não é fácil mudar duas vezes num ano, mas está tudo a correr bem e estou feliz aqui.»

Por isso, e porque, nestas situações a parte profissional é a que mais importa, Hugo Almeida justificou a aposta: « Foi a melhor opção, também em termos de clube, para lutar por alguma coisa. Em Itália fui acarinhado e as pessoas gostavam de mim, mas sair foi a melhor opção para mim e para o próprio Cesena

« O Cesena lutava para não descer e isso era uma realidade nova e diferente para mim. Nos dez jogos em que joguei não tive uma única ocasião de golo e isso é muito difícil para um avançado

Agora, com as cores do Kuban Krasnodar, tem sido bem mais feliz: tem jogado e há poucas semanas marcou o golo que deu ao clube a primeira final da Taça da Rússia nos seus 87 anos de história (1928).

No entanto, o futuro não sabe onde será: « O contrato acaba em junho e depois logo se vê. Não tenho nada em concreto. O futuro poderá passar por ficar no Kuban, num qualquer clube da Rússia ou então noutro país europeu



«Comida portuguesa? Não sou um exímio cozinheiro»

Regressar a Portugal está, de momento, fora dos planos: « Nem sei se no final da carreira isso acontecerá. Sinto-me bem cá fora. Sou muito valorizado e tenho orgulho nisso e no trabalho que tenho feito. Mas a voltar, gostava que fosse para um grande


Enquanto isso não acontece, há histórias fora de portas para contar e comida portuguesa para cozinhar por esse Mundo fora. « Na minha casa come-se comida portuguesa», revelou, admitindo alguns dotes de cozinheiro: «Não a mais tradicional, porque não sou um exímio cozinheiro, mas tento fazer sempre coisas básicas e que me lembrem Portugal
 

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Quando vai a restaurantes faz os pedidos em inglês «porque o russo é para esquecer»
. « Não dá para perceber e nem consigo falar»
, justificou. Mas às vezes acontece «pedir uma coisa e trazerem outra
». O que safa é a organização dos menus: « Têm fotografias e é mais fácil apontar com o dedo


Já nos treinos, não é tão difícil apesar de a língua falada ser o russo: « Tenho um tradutor e como também tenho alguns colegas que falam (pouco) inglês, safo-me

 
O dia a dia é passado sobretudo em casa, onde é mais improvável acontecerem imprevistos. « Gosto de levar uma vida pacata. Além disso, não me ponho a inventar em terrenos que não são os meus.
»

« Gosto de sair quando tenho de sair, mas fico mais por casa, a ver filmes e a descansar, sobretudo nesta reta final que é mais importante descansar
», diz Hugo, apesar de adorar a cidade, até porque é uma das mais quentes do país, ao jeito da sua Figueira da Foz.