Eric Cantona respondeu às perguntas dos leitores da revista inglesa FourFourTwo e reviveu obviamente o momento que marcou a carreira: o pontapé no adepto do Crystal Palace, quando já representava o Manchester United.

Por causa desse pontapé o francês foi suspenso nove meses, mas passados todos estes anos não está arrependido: aliás, só se arrepende de não ter dado com mais força.

«Se me custou aterrar de rabo no chão? Eu aterrei com os meus pés, não com o rabo, como o leitor diz. É por isso que tentei dar-lhe um soco. Mas eu não o esmurrei com força suficiente. Devia ter-lhe dado um murro com mais força», referiu Cantona.

O francês mantém de resto que fez em atacar o adepto que estava na bancada, porque era apenas um homem que tinha liberdade para fazer o que quisesse. De resto, acrescentou, houve um pouco de teatralização naquilo tudo: fazia parte de uma imagem que vendia.

«Eu representei um pouco naquele momento, em Selhurst Park. A situação era um drama e eu era um ator. Faço as coisas a sério sem me levar a mim próprio a sério. E acho que Nike reconheceu esse lado do meu caráter e usou-o muito bem», sublinhou.

«Nunca pensei que tinha a responsabilidade de não dar aquele pontapé por causa de ser quem sou. Nada disso, eu era apenas um jogador de futebol e um homem. Não era ninguém superior, era apenas alguém que queria fazer o que lhe apetecesse. Se quero dar um pontapé num adepto, eu dou um pontapé num adepto. Não sou um modelo, nem sou um professor que diz às pessoas como se comportarem. Acho que quanto mais se olhar à nossa volta, mais percebermos que a vida é um circo.»