John Abbott, responsável pela luta da FIFA e da Interpol contra as apostas ilegais e manipulação de resultados, acredita que são necessárias regras mais duras em todos os países contra este tipo de crimes que, «durante os últimos três anos», foram reportados «em cerca de 60/80 países».

« O problema é que durante os últimos três anos foram reportadas queixas de manipulação de resultados em cerca de 60/80 países. Precisamos de regras mais duras em todos os países, mas acho que nunca teremos uma regra global para estas situações. As autoridades de todos os países precisam de trabalhar em conjunto para prevenir que isto continue a acontecer», afirmou o responsável durante a convenção Soccerex.

Abbott garantiu que o problema não é recente e que não afeta apenas o futebol, havendo já provas de crimes organizados «na China, Rússia, Balcãs, Estados Unidos e em Itália», que envolvem « biliões de dólares».

« É um problema global e não tem mostrado sinais de estar a diminuir. Não é uma coisa nova, nos primeiros anos do século XX, um Liverpool-Manchetser United foi manipulado, mas a grande diferença é que «criminosos profissionais começaram a envolver-se com propósitos de fraude», acrescentou.

O português Emanuel Medeiros, diretor do Centro de Segurança do Desporto, com sede no Qatar, após o debate «Fixing Football's Dark Side», afirmou que pelo menos uma equipa profissional europeia esta a ser gerida por uma organização criminal: « Tenho provas, mas não posso dizer qual é o clube ou o país. Não é uma situação nova, estamos cientes destas situações desde 2003, mas está a decorrer uma investigação policial. Já não é um cancro silencioso. Espalhou-se e é evidente que é um cancro mortal para o desporto».

«Não é aceitável que fraude desportiva seja considerada crime apenas em cinco países europeus. Precisamos de regras concretas e regulação robusta para o mercado de apostas, que atualmente não tem. Só assim conseguiremos impedir que o desporto seja arrastado para a vergonha», sublinhou Medeiros.

Nesta sessão, a Sportradar, que monitoriza a indústria de apostas, fraudes e padrões de comportamento não usuais, assinou um acordo com a Federação de Futebol de Hong Kong, que recentemente identificou um caso de resultados manipulados num torneio de sub-16.