O ministro brasileiro das Relações Exteriores recorreu ao poema de Voltaire sobre o terramoto de Lisboa de 1755 para pedir hoje ajuda da comunidade internacional para o Haiti, durante a sessão especial do Conselho de Direitos Humanos dedicada ao país caribenho.

«Acorrei, contemplai estas ruínas malfadas,/ Estes escombros, estes despojos, estas cinzas desgraçadas,/Estas mulheres, estes infantes uns nos outros amontoados/ Estes membros dispersos sob estes mármores quebrados/Cem mil desafortunados que a terra devora/ Os quais, sangrando, despedaçados, e palpitantes embora,/Enterrados com seus tectos terminam sem assistência/No horror dos tormentos sua lamentosa existência!»...

Após declamar os versos de Voltaire, Celso Amorim disse que, à excepção do mármore, a triste descrição poderia ser a de Port-au-Prince hoje, devastada pelo terramoto de 12 de Janeiro que pode ter matado até 200 mil pessoas.