Maisfutebol recupera uma peça sobre a história que Carlos Queiroz utilizou para inspirar a selecção

É a história do jogo que mudou a África do Sul. Realizado por Clint Eastwood, «Invictus» leva-nos até ao acontecimentos reais de 1995, ano em que o râguebi uniu um país dividido pela raça, pelo ódio e pela economia. Nelson Mandela tinha sido eleito presidente há apenas um ano e viu no Mundial de 1995 uma oportunidade para mudar o destino da nação, mesmo que a equipa, que contava apenas com um jogador negro, estivesse longe de estar entre os favoritos para vencer o troféu (veja o depoimento de Tomaz Morais e o trailer do filme, clicando no ícone de vídeo).

Saiba mais sobre o filme aqui

François Pienaar, interpretado em «Invictus» por Matt Damon, foi o capitão dos «Springboks» nesse Campeonato do Mundo de 1995. Em 2008, aquando dos 90 anos de Nelson Mandela, ou Madiba como é tratado na África do Sul, o ex-jogador lembrou os acontecimentos reais que estão na génese do filme.

«Tínhamos um lema, uma equipa, uma nação», disse Pienaar, numa entrevista à News24, para depois recordar o dia da final: «Entrámos no balneário e Madiba estava lá, com uma camisola dos Sprinboks. Foi um dia emocionante na minha vida. Nem consegui cantar o hino, porque estava tão orgulhoso de ser sul-africano. Esse sentimento percorreu a equipa. Todos os jogadores olharam para este homem, que perdeu tempo em vir ao balneário para desejar-nos sorte. Quando saímos o som de «Nelson, Nelson, Nelson» ecoava pelo estádio, de um modo muito forte.»

A África do Sul viria a conquistar o seu primeiro mundial da modalidade e, de acordo com John Carling, autor da obra que dá origem ao filme de Eastwood, «foi o dia mais feliz da vida política de Mandela porque todos os seus sonhos se tornaram realidade nesse dia, e foi o dia mais feliz na história da África do Sul». O agora jornalista do El País, declarou, à «Lusa» que «há uma África do Sul antes deste jogo e outra depois».

Nelson Mandela é interpretado por Morgan Freeman, a quem Carling deixa elogios. «A grande força do filme é a interpretação de Freeman. Em 10 minutos, depois de olhar para Freeman, vi o Mandela. E quando ele te convence disto, está conquistado. Além de que é um filme muito fiel ao espírito da África do Sul naquele momento», concluiu.

Ironia do destino, um dia antes de o filme estrear em Portugal, Ruben Kruger, membro dessa equipa campeã, em 1995, faleceu em Pretória, devido a um tumor cerebral. Na obra de Eastwood, Kruger é interpretado por Grant Roberts.

«Invictus» é um poema do inglês William Ernest Henley e acompanhou Mandela nos anos em que esteve preso em Robben Island.