Barak Bachar, treinador israelita do Estrela Vermelha de Belgrado, aproveitou a conferência de imprensa de antevisão ao jogo com o Leipzig para a Liga dos Campeões para deixar um forte desabafo relativamente à situação vivida em Israel após o ataque do grupo Hamas no sul do país, considerando-se desiludido por aquilo que diz ser o silêncio do mundo do futebol neste tema.

«O mundo do futebol desiludiu-me. Pergunto: tudo se resume a dinheiro? O dinheiro pode comprar valores e justiça? Estamos aqui na Alemanha e todos conhecemos a história deste país. A Federação alemã e os seus clubes, como o Mainz, o Werder Bremen, Bayern e Dortmund, falaram e escolheram colocar-se ao lado das vítimas, o lado certo. É uma pequena luz neste mar negro de silêncio. O meu país está a sangrar, a minha família, a minha mulher e os meus três filhos, correm para o abrigo dia e noite. Há uma hora um lugar perto da nossa casa foi bombardeado. Devem saber isto: ninguém nos vai verbar, nós vamos ganhar porque não temos escolha», declarou.

A longa intervenção de Barak Bachar começou com o técnico a contar a história dramática de Michael, um menino de nove anos que viu os pais serem mortos por terroristas do Hamas, que raptaram ainda uma das suas irmãs.

«Falei com o Michael. É um rapaz adorável de nove anos. Adora futebol e é fã do Barcelona. A 7 de outubro de manhã, o Hamas entrou na casa dele. Mataram os pais dele e raptaram a sua irmã de dois anos. Ele e a sua outra irmã, de seis anos, conseguiram esconder-se num armário e ouviram de lá como os seus pais foram mortos. (...) É apenas um caso de centenas de horrores que aconteceram nesse dia. Dizem que o futebol liga nações, raças, pessoas. Fala-se sempre de paz e de respeito, mas eu pergunto onde está o respeito por estar 1.400 pessoas que foram assassinadas. Jovens mulheres e homens inocentes que só queria estar uma festa em paz. Famílias inteiras queimadas vivas nas suas casas. Raparigas violadas e mortas. Mulheres grávidas cortadas ao meio pelo estômago e os bebés mortos a tiro», desabafou.