*enviado-especial ao Brasil

Cara de menino em corpo de craque: James Rodríguez chegou ao Maracanã e vestiu traje de gala. Sem surpresa, era o tema dominante nas declarações de final do jogo. Quem já o conhecia não terá ficado surpreendido. Mas quem não o viu jogar com regularidade foi obrigado a perguntar: o que é que o menino tem?

Primeiro alvo da pergunta, o homem que o esperou no túnel e oficializou, com um abraço, o tributo a uma grande exibição. O argentino José Pekerman, selecionador da Colômbia e admirador confesso do seu número 10: «Sim, este pode ser o Mundial de James. O que ele fez até agora já é impressionante. Sempre foi bom tecnicamente, mas aprendeu muito. Não tem medo de assumir responsabilidades, e tem a humildade de manter o rigor tático e uma grande participação nas tarefas da equipa», começou por dizer.

Pekerman, que pela segunda vez na sua carreira vai defrontar a seleção anfitriã nos quartos de final de um Mundial (depois do Alemanha-Argentina, em 2006) conta com James, a quem reconhe «o dom» que faz a diferença para driblar o Brasil inteiro: «Faz de forma natural aquilo que muitos andam a carreira toda a aprender», resume.

Mais à frente, Farid Mondragon, guarda-redes suplente da Colômbia e o jogador mais velho a atuar em Mundiais, deixava o veredicto, perante dezenas de jornalistas ávidos de conhecer melhor o jovem prodígio: «Antes de mais é um menino, ainda muito tímido, e com grande respeito para com todos. Depois, aprendeu muito com as passagens por Portugal e França. O que lhe está a acontecer é mérito seu, e também de Pekerman, que trouxe uma mentalidade mais ambiciosa à seleção. Mas se vissem como ele trabalha, durante os treinos, e depois, nos livres, a tratar de pormenores, percebiam melhor: o segredo é trabalhar como um profissional mas tendo alma de amador», resumiu.

Mas nem só os da sua equipa tiram o chapéu ao antigo número 10 do FC Porto: à passagem pela zona mista do Maracanã, Alvaro Pereira, adversário da noite, e ex-colega no Dragão, também lhe tirou o chapéu: «Não podemos dizer nada, eles jogaram bem e o James teve uma tarde brilhante, foi a estrela do jogo. Não me surpreende, pelo que já conhecia dele no FC Porto. Resta-me dar-lhe os parabéns, e desejar-lhe tudo de bom, a ele e à Colômbia, onde ainda está outro amigo, o Fredy Guarín», disse.

Uma chapelada que, no fundo, completava a que tinha sido deixada pouco antes, na sala de imprensa, pelo selecionador uruguaio Oscar Tabarez. Talvez a mais marcante de todas: «Até ao momento, James é o melhor jogador deste Mundial». Assim, sem meias palavras, nem hesitações. Messi, Neymar, Van Persie e companhia: agarrem-se bem, o miúdo chegou. E tem qualquer coisa.