Jesualdo Ferreira tem-se sentado no banco do Sporting na condição de delegado. É que para figurar na ficha de jogo como treinador passou a ser preciso ter um documento novo, uma cédula emitida pelo Instituto do Desporto, que o técnico não tem. Uma situação estranha para quem tantos anos de profissão.

«Tenho até alguma dificuldade em falar nisso. Não tenho a cédula de treinador. Imagine lá que, ao fim de quarenta anos, não tenho cédulo. Havia as cédulas de nascimento, e agora é preciso cédula de treinador», começou por dizer o técnico, na antevisão do jogo com o Beira Mar.

«Tenho dois cursos UEFA Pro e o curso de nível 4. Tenho tudo aquilo que é o máximo, mas como não tenho uma cédula que não sei bem o que é, pois foi algo criado, não posso estar no banco. Pode haver regulamentos, mas para mim é ridículo», acrescentou Jesualdo, que aos 66 anos de idade se estreia como delegado: «É interessante. Nunca fui, sou agora. Mas não deixa de ser rídiculo, enquanto não me explicarem bem as coisas. Mas penso não ser o único caso.»

Em dezembro de 2008 foi publicado, em Diário da República, o decreto-lei que determina que, para desempenhar as funções de treinador, seja em que modalidade for, é preciso obter uma cédula junto do Instituto do Desporto (IDP). Esse título pode ser conseguido através de habilitação académica na área do desporto, experiência profissional ou reconhecimento de títulos conquistados no estrangeiro.

Se até aqui eram as diferentes federações a certificar os técnicos, estas passaram agora a validar apenas os pedidos, junto do IDP. Esteve em vigor um regime transitório, primeiro entre 1 de junho de 2011 e 31 de maio de 2012, depois alargado até 30 de setembro.

Adjuntos começam a trabalhar 2ª feira

A partir da próxima semana Jesualdo Ferreira já vai contar com o apoio dos adjuntos Rui Almeida e Nuno Almeida, escolhidos quando aceitou o convite para suceder a Franky Vercauteren no banco leonino.

«Vão começar na 2ª feira», afirmou Jesualdo na antevisão do jogo com o Beira Mar. «Quando saiu o Sá Pinto passaram dois elementos da equipa B para a equipa principal, e agora, com a saída de Vercauteren, houve a necessidade de reajustar isso. Não há turbulência nenhuma», acrescentou.