José Romão, seleccionador olímpico, ficou satisfeito com a forma como os jogadores se apresentaram na concentração. O técnico lamenta o facto de o grupo ser pequeno e de o tempo de trabalho ser curto, mas aponta que tem, sob o seu comando, jogadores muito motivados: «O grupo está empenhado e entusiasmado. Sentimos que os jogadores chegam com vontade. Não podemos esquecer que temos um tempo limitado para a preparação da prova. Mas esta selecção tem já uma cultura de equipa e está motivada. Esperamos que, num grupo tão restrito de jogadores, não existam problemas a nível de lesões.»
O técnico recordou que esta participação de Portugal nos Jogos Olímpicos é histórica: «É um privilégio para esta selecção estar num evento de escala mundial como este. Esta é a terceira participação de uma equipa de futebol nos Jogos e isso é um facto que muito nos orgulha. Temos de fazer uns JO à altura do valor individual e colectivo desta selecção.»
O treinador não fala em medalhas e mostra-se mais comedido nas palavras do que alguns dos jogadores. No entanto, fica a ideia de que tudo será feito para chegar o mais longe possível: «Primeiro temos de passar o grupo para conseguirmos estar nos quartos-de-final. Não se pode falar em grupos fáceis. Ninguém pensaria que a Grécia ia sagrar-se campeã da Europa. Temos de viver cada dia com grande intensidade competitiva. Estes jogadores estão habituados a pensar grande. O treinador tem como missão motivar a equipa. Temos de dar um passo de cada vez e com autoridade. Também sonhamos grande. Nenhum atleta trabalha durante quatro anos sem sonhar alto. Não podemos esquecer que esta equipa lutou pelo apuramento para o Europeu e depois, durante a prova, fez tudo para conseguir estar nos Jogos Olímpicos. Está presente nas Olimpíadas porque teve mérito e merece estar na Grécia.»
Romão recusa entrar em polémicas e falar de dilemas sentidos por jogadores que podem perder a titularidade nas suas equipas, devido à participação olímpica. O mesmo se aplica às críticas de alguns treinadores e responsáveis de clubes: «Será que servir a selecção não é a aspiração máxima de um jogador? Será que jogar nos Jogos Olímpicos poderá criar dúvidas? O que está aqui em causa é uma participação histórica. Estão aqui profissionais que sabem servir a selecção. O Fernando Meira, que se lesionou numa mão, até disse que cortaria um dedo para vir à selecção.»