Sérgio Conceição sente-se traído pelo adjunto Vítor Bruno e pelo FC Porto, mas continua disponível para sair do clube de uma forma amigável, e sem receber nem mais um euro.

Para o fazer, no entanto, o ainda treinador portista exige lisura e respeito do clube, o que sente que não tem acontecido até aqui. Para além disso, há dinheiro ainda em dívida que vai ter de receber, ou pelo menos fazer um plano de pagamentos para o receber.

Sérgio Conceição sempre disse que queria receber apenas até ao último dia de trabalho, e nem mais um euro, o que se mantém. Quer, de facto, receber os valores em atraso, mas considera que o dinheiro nem é o mais importante: importa sim a consideração para com ele.

Ora essa mesma consideração que o treinador sentiu ser beliscada quando o FC Porto começou a falar com Vítor Bruno para assumir o comando técnico da equipa principal.

Recorde-se que, como o Maisfutebol escreveu, Vítor Bruno informou Sérgio Conceição de que queria começar uma carreira de treinador principal e por isso não continuaria na equipa técnica. Na altura, o adjunto referiu que em princípio ia embarcar numa aventura no estrangeiro e até mencionou o Qatar como hipótese.

O problema é que esta conversa aconteceu na terça-feira, no fim do jantar de final de época, e na quarta-feira Sérgio Conceição manteve uma reunião com André Villas-Boas.

Foi um encontro informal, durante duas horas, em casa do presidente portista, que decorreu num clima de muita cordialidade. Até ao momento em que Conceição perguntou a Villas-Boas se tinha algum treinador em mente para o substituir e ouviu o nome de Vítor Bruno.

Nessa altura, o treinador abandonou de imediato o encontro com o presidente, sentindo-se traído e desrespeitado, depois de Vítor Bruno lhe ter falado no dia anterior da hipótese do Qatar, quando já estava a falar com o FC Porto sobre assumir a equipa técnica.

Aliás, o técnico acredita que a primeira conversa de Antero Henrique, diretor desportivo da Liga do Qatar, com Vítor Bruno foi feita logo no início de maio e que a hipótese colocada em cima da mesa foi sempre o FC Porto: a solução Qatar serviria apenas para despistar.

Sérgio Conceição sentiu por isso que recebeu uma facada nas costas do adjunto, com quem trabalhou em conjunto durante treze anos e com o qual, diz, sempre teve enorme lealdade.

Vítor Bruno sente que faltou lealdade a Conceição, FC Porto diz-se refém

Já Vítor Bruno sente que a falta de lealdade começou quando Sérgio Conceição renovou com Pinto da Costa por quatro temporadas e não incluiu a equipa técnica nesse acordo. O que não foi bem recebido pelos adjuntos e criou as primeiras cisões dentro do grupo.

O FC Porto, por outro lado, sente-se refém de Sérgio Conceição. Isto porque o contrato assinado por Pinto da Costa protege o treinador, que é o único que tem a legitimidade para rescindir sem custos: o clube tem de esperar que seja o treinador a dar esse passo ou... pagar.

Enquanto isso, Sérgio Conceição pode conversar com outros clubes e até estudar hipóteses, enquanto o FC Porto só pode contratar um novo técnico quando o atual rescindir.

O que acaba por atrasar a preparação da nova época.

Por isso, o FC Porto está nesta altura assim: num labirinto de traições, mal-entendidos e queixas, que continua a atrasar a definição do futuro. Com equívocos e decisões cruzadas que não ajudam à pacificação do ambiente.