A figura:Ola John

Ouro! Andou desaparecido o primeiro tempo, desterrado na direita do ataque. Mas lá está, se o ouro fosse coisa fácil de encontrar não tinha o valor que tem. E Ola John tem muito. Porque começou por ser ele a resolver um jogo, uma eliminatória, que estava muito, mas muito complicada. Quando mudou para a esquerda, começou a aproveitar o espaço de Carvajal e depois, bom, depois fez o que só os grandes talentos conseguem: bola no pé, finta, outra finta, um pouco de sorte, dois adversários para trás, bola no pé direito. Remate. A Luz em suspenso. Sim, porque os grandes talentos têm esse dom de nos deixar a pensar. E Ola John fez isso, nem que por um instante, com aquele remate em arco para golo. Celebrou o 1-0 e depois continuou a acelerar pelo flanco. Desconcertante até final

Momento: minuto 77

Está 1-1, Artur vai dar um chutão para a frente. Lima percebe. Deixa-se ficar. Depois arranca, foge ao fora de jogo e recebe a bola com três colegas na área. O ponta de lança espera, espera, vê Matic e coloca-lhe a bola para o 2-1. Excelente a leitura de Lima e os adeptos a respirarem melhor com o Benfica a caminho dos oitavos de final.

Outros destaques

Schurrle

Alemão típico. Alto loiro, direto ao assunto. Vá lá que demorou na eficácia, essa caraterística que tantas vezes se confunde com uma qualquer ideia germânica. O camisola 9 do Leverkusen foi o primeiro a dizer ao Benfica que não ia ter noite descansada. Logo aos 4 minutos, rematou de primeira para uma defesa de Artur. Dado o sinal, incomodou por diversas vezes a defesa, quer quando a bola estava do lado alemão, quer como do lado português. Porque a defender ajudou sempre a tapar espaços, foi um dos que contribuíram para a fraca capacidade de construção dos encarnados. Depois, com a bola nos pés, foi um jogador de movimentos simples. De diagonais até previsíveis, mas de um desequilíbrio tal que os encarnados só se salvaram graças ao poste (40min). Já com 1-0, apontou um golo tipicamente germânico, mas que tinha tudo a ver com o jogo que Schurrle estava a fazer. Vá lá que demorou e que a resposta encarnada foi pronta.

Carlos Martins

Regresso anunciado ao onze três meses depois. Por Martins teria de passar este Benfica de três médios de Jorge Jesus, mas com o camisola 17 em tão fraca produção a ideia teve de cair por terra. Correu? Sim, correu, não está em causa o esforço. Mas de um médio organizador do Benfica espera-se mais. Espera-se que guie a equipa, espera-se, sobretudo, que não falhe na arte de servir os companheiros. Quando teve de o fazer, Carlos Martins não conseguiu. Faltam-lhe minutos, ritmo. Ou foi apenas inspiração? Pode ser, mas com tantas provas que o internacional português já deu noutras noites, pareceu apenas que foi a aposta errada nesta quinta-feira.

Carvajal

Lateral ou extremo? Quem passou pela Luz nesta noite ficou com dúvidas sobre o papel deste rapaz, formado na Fábrica do Real Madrid. Mas também ficou com uma certeza: Daniel Carvajal é um belíssimo jogador de futebol. Acutilante, intenso, com raça, um Maxi Pereira do outro lado, por assim dizer. Mas, pela amostra destes 90 minutos, o espanhol tem melhores atributos técnicos, mais habilidade que o uruguaio da Luz. No lance do golo anulado, deixou Melgarejo pregado ao chão, naquela que foi a mais vistosa iniciativa. Se voltarmos à comparação com Maxi, por exemplo, um mesmo problema: sobe tanto que deixa espaço na lateral. Por onde foi o golo de Ola John, mesmo? Ainda assim, muito boa exibição.

Artur

Decisivo. Começou por fazer uma grande defesa a remate de Schurrle, aos quatro minutos, e só não se escrever que essa foi enorme porque comparada com aquela dos 67 minutos, essa primeira ficaria sempre aquém. Uma estirada incrível, tão incrível que pareceu surreal. Valeu tanto quanto um golo, na altura. Um dos melhores da noite.