( Continuação)

Vantagens e desvantagens

Uma das mais evidentes desvantagens deste modelo é explicá-lo aos adeptos. É muito diferente do atual, o que torna tudo mais complexo. Também é questionável que o título de um campeonato seja atribuído num Play-off a duas mãos, embora isso seja comum em outras modalidades.

Mas a maior desvantagem é para os clubes do fim da tabela. Seis deles terão de viver sem as receitas dos grandes e sem o impacto que é jogar com F.C. Porto, Benfica e Sporting, admitindo que estes três se mantêm sempre entre os quatro melhores.

Em 2014/15 a organização seria esta: no campeonato de cima estariam os oito melhores de 2013/14. No campeonato de baixo os sete piores, mais o Boavista e dois promovidos da II Liga. Em dezembro será assim, dois mundos separados.

Em janeiro, os quatro últimos da parte de cima descem e sobem os quatro primeiros da parte de baixo. Conclusão: seis equipas só verão os melhores, os que lutam pelo título, os que trazem receita, na televisão.

De acordo com estimativas realizadas pelos holandeses, a menor probabilidade de jogar pelo menos duas vezes com os clubes de topo é de 34 por cento. No atual modelo é de 100 por cento, para os emblemas da I Liga.

Apesar deste ponto, os clubes têm aceitado discutir todas as opções, até porque subjacente a este modelo está uma outra revolução: a centralização dos direitos televisivos, o que permitiria distribuir de outra forma as receitas, protegendo quem não joga com os maiores. Um cenário que só será possível se forem quebrados os contratos individuais com a Olivedesportos, algo que tem consumido grande parte da energia do presidente da Liga, Mário Figueiredo. Como este processo se antevê longo e complexo, os clubes serão chamados a decidir agora com base em pressupostos que o tempo poderá nunca confirmar.

A principal vantagem deste modelo é multiplicar o número de jogos entre as melhores equipas, sem com isso as obrigar a competir mais, o que seria prejudicial para o desempenho na UEFA. Salvo algo inesperado, F.C. Porto e Benfica, por exemplo, teriam de competir entre si quatro vezes, podendo ainda encontrar-se no Play-off. Ou seja, seis clássicos por época, em vez de dois, antes de encontrar o campeão. O efeito sobre a assistência nos estádios e a receita de bilheteira é evidente.

Este modelo também anula as zonas mortas. Todos os jogos contam.

Os de cima lutam pelo título, pela Europa e pela manutenção na metade nobre da tabela, a que lhes permite jogar com os grandes.

Os de baixo lutam pela manutenção e pelo acesso à zona dourada.

Uma vantagem acrescida para o vencedor do campeonato de dezembro: fica a saber que terá acesso direto à Liga dos Campeões na época seguinte, o que lhe poderá permitir retocar o plantel no mercado de Janeiro.

Na II Liga o cenário mais provável nesta altura é dividir a competição em duas zonas geográficas, cada uma com doze clubes. Os seis primeiros de cada zona disputariam depois uma segunda fase em que seriam encontradas as equipas que sobem à divisão maior.

As reuniões entre a Liga, a Hypercube e os clubes continuarão e o mais certo é no dia 27 de junho a assembleia geral ter para discutir e aprovar diferentes formatos para os campeonatos profissionais, época 2014/15.