Mário Figueiredo diz que a Federação tem de discutir com a Liga o alargamento do primeiro escalão. O dirigente fala numa negociação séria e lembra que há outros temas em cima da mesa, como a questão das equipas B e consequente aumento do número de equipas na II Liga.

A questão é simples. Todas as decisões terão de ser ratificadas através de um protocolo a assinar pela Federação e pela Liga. Até isso acontecer, nenhuma alteração pode ser introduzida, nas palavras de Mário Figueiredo.

Ora, dias antes de Fernando Gomes passar da Liga para a Federação, a 14 de dezembro de 2011, os clubes votaram e aprovaram o alargamento da II Liga para receber as equipas B. Entrariam no máximo seis equipas e o campeonato não poderia ter mais de 22 participantes.

«Se por acaso se inscrever na II Liga um número impar de equipas, o clube-extra para fazer número par será escolhido por uma regra que o presidente da Federação não aceita para a I Liga. Será repescado o penúltimo classificado da II Liga», explica Mário Figueiredo.

«Não parece haver o mesmo cuidado...»

Por isso mesmo, o presidente da Liga considera que o seu homólogo da Federação não pode ter dois pesos e duas medidas. Um clube da II Liga pode não descer mas Fernando Gomes é liminarmente contra a não descida de um emblema do primeiro escalão? Mário Figueiredo acha que há aqui uma incongruência.

O dirigente vai até mais longe: «O Marítimo B, que milita na II Divisão, soube em Dezembro que não desce de divisão. Mais, soube nessa mesma altura que subirá de divisão! Sei que a medida visa potenciar o crescimento do jogador português e é um bom princípio mas...»

«O senhor presidente (ndr. Fernando Gomes), quando estava na cadeira da Liga, pensava de uma forma. Agora que está na Federação pensa de outra. Esta medida foi aprovada no decorrer da época e neste caso já não parece haver o mesmo cuidado com a falada verdade desportiva», continuou.

Equipas B: clubes devem pensar melhor

Durante a conversa com os jornalistas, o presidente da Liga insistiu num ponto. Todas estas questões devem ser discutidas diretamente com a Federação e serão apenas validadas com a assinatura do protocolo entre as instituições.

«O protocolo podia ser aprovado apenas em 15 de Maio, fazendo com que todos os clubes não soubessem até final de haveria ou não descidas», lembrou, a propósito, acrescentando: «Não vamos para o Conselho Superior de Desporto. O protocolo vai ter de ser aprovado até 16 ou 17 de Maio. Enquanto não há contrato, não há alargamento na Liga mas também não haverá na II Liga.»

F.C. Porto, Sp. Braga e V. Guimarães, no meio desta confusão, deram sinais claros de que o projeto das equipas B estaria em causa. Aliás, ameaçam com o cancelamento do mesmo. Em causa estaria uma medida de solidariedade proposta na última Assembleia-Geral. Mas não só, certamente.

«O presidente da Liga prevê fazer uma Assembleia Geral para impedir que os clubes possam mudar os regulamentos durante os três anos em que terão de estar na II Liga, a não ser que haja consenso entre eles. Quando uma equipa se inscreve para um período de três anos, não pode depois mudar. É uma responsabilidade grandes Clubes devem pensar melhor nessa matéria», concluiu Mário Figueiredo.