Um Benfica extremamente eficaz colocou um ponto final na série de seis vitórias do PSV Eindhoven, com um triunfo por 2-1 que deixa a equipa de Jorge Jesus em vantagem na corrida aos milhões da Liga dos Campeões. Uma primeira parte em que a equipa portuguesa mostrou uma boa organização defensiva e uma eficácia extrema, chegando ao intervalo a vencer por 2-0. Os holandeses reagiram em força na segunda parte, conseguiram reduzir a diferença e criaram oportunidades suficientes para virar o resultado, mas Vlachodimos segurou a preciosa vantagem que deixa tudo em aberto para Eindhoven.

Um jogo que começou intenso desde o minuto inicial com as duas equipas a aplicarem-se para impor as respetivas estratégias, numa luta que se estendeu rapidamente a todo o campo, sem que nenhuma das equipas conseguisse progredir efetivamente no terreno. Os holandeses até tinham mais bola, numa fase inicial, com mais gente no meio-campo, mas não conseguiam sair da zona junto ao circulo central, trocando bem a bola, de uma ala à outra, mas sem alcançar o último terço.

O Benfica tinha menos bola, mas conseguia ser mais pragmático, com Pizzi e Rafa Silva a colocarem-se nas costas dos médios do PSV, para depois encararem os defesas e procurarem desequilíbrios. Foi assim que o Benfica chegou ao golo, aos 10 minutos, com Pizzi, sobre a esquerda, a forçar a entrada na área e a tropeçar, mas a bola sobrou para Yaremchuk que, por sua vez, fez um compasso de espera, para depois lançar Rafa que entrou que nem um foguete no lance. Perante a saída de Drommel, o avançado português rematou enrolado e cruzado, com a bola encaminhar-se, devagarinho, já com as bancadas todas de pé, para o interior da baliza. 

Estava feito o primeiro e, como o jogo estava, era de facto importante marcar primeiro, até porque nas sete vitórias que os holandeses somaram esta época, tinham marcado sempre primeiro do que o adversário. O PSV mostrou-se, no entanto, pouco incomodado com a novidade e procurou reagir de pronto, subindo as suas linhas e conseguindo a profundidade que ainda não tinha conseguido até aí, quase sempre pelo endiabrado Madueke. O extremo inglês fez a cabeça em água a Grimaldo, passando vezes sem conta pelo lateral espanhol para depois cruzar para a área onde mandava Otamendi. Os estragos de Medueke foram sendo sucessivamente anulados, quase sempre pelo argentino, mas também por Lucas Veríssimo e Morato.

A verdade é que o PSV estava a crescer a olhos vistos numa fase em que o Benfica perdia bolas atrás de bolas, permitindo aos holandeses manter um ataque continuados à área de Vlachodimos. Zahavi chegou mesmo a marcar um golo, com uma espetacular finalização, mas o goleador israelita estava adiantado e não valeu. O Benfica procurava sair com transições rápidas, mas estava com dificuldades em fazer a ligação com o trio da frente face à pressão alta do adversário.

Pizzi, depois de uma boa combinação com Rafa esteve perto do segundo, mas, nesta altura, era o PSV que estava claramente por cima e Gakpo, com um remate de fora da área, obrigou Vlachodimos à defesa da noite. Madueke, por seu lado, continuava a fazer estragos no lado direito, passando sucessivamente por Grimaldo, uma constante ao longo da noite. O Benfica voltou a aparecer na ponta final da primeira parte numa bomba de Lucas Veríssimo que também obrigou Drommel a voar. Na sequência do mesmo lance, o Benfica chegou ao segundo golo. Canto da direita, cabeçada de Otamendi na zona central para o miolo e a bola sobrou caprichosamente para Weigl que só teve de a empurrar. 

Com uma extrema eficácia, o Benfica chegava ao intervalo ao som de aplausos dos adeptos e com uma boa vantagem, mas ainda faltavam 45 minutos. O Benfica podia ter chegado ao 3-0 logo logo a abrir a segunda parte, num remate cruzado de Yaremchuk que passou a rasar o poste, mas o ucraniano estava adiantado. Logo a seguir o PSV mostrou que podia acelerar ainda mais o jogo neste segundo tempo, com Madueke e Gakpo a alargarem a frente de ataque e a colocarem muitas dificuldades à defesa do Benfica que recuava em toda a linha e, com isso, perdia capacidade de ter a bola, com Weigl e João Mário muito atrás.

Depois de uma primeira ameaça de Madueke, com um desvio de cabeça que obrigou Vlachodimos a recorrer aos instintos, Gakpo marcou mesmo. O extremo foi percorrendo a frente da área, encontrou uma nesga e disparou. A bola ainda sofreu um desvio em Otamendi e escapou às luvas do grego. Um golo que mudava, de forma significativa, as perspetivas para o segundo jogo, mesmo com a mudança da regra do golo fora.

Um golo que moralizou, acima de tudo, a equipa de Eindhoven que procurou aumentar o ritmo que já era intenso e Vlachodimos continuou a ser protagonista. O empate chegou a parecer iminente e até Rafa foi ajudar a defender, com um corte determinante. Uma pressão intensa que só se atenuou com as muitas alterações promovidas pelos dois treinadores num curto espaço de tempo. Mudaram os protagonistas, mas o campo continuou inclinado para a baliza de Vlachodimos, agora com Bruma no lugar de Madueke a também procurar fazer mossa.

Jorge Jesus procurava estancar o futebol fluído dos holandeses, procurando dar maior capacidade física à sua equipa, com as entradas de André Almeida e Meité e, ao mesmo tempo, refrescava o ataque, com Gonçalo Ramos a render Yaremchuk. Mas era o PSV que continuava a carregar no acelerador e, sempre que conseguia imprimir velocidade, o Benfica sofria. A verdade é que a equipa de Jorge Jesus parecia estar a quebrar fisicamente e, tal como chegou a acontecer na primeira parte, voltava a perder bolas atrás de bolas, permitindo ao PSV recuperar os ataques sucessivos à baliza de Vlachodimos.

A verdade é que o Benfica, ao contrário do PSV, continua invicto e conseguiu segurar a vantagem nestes primeiros 90 minutos, deixando tudo em aberto para o segundo jogo, mas com a equipa de Jorge Jesus a partir com uma ligeira vantagem. O segundo ato, em Eindhoven, vai ser tudo ou nada para as duas equipas.