Cínico, pragmático e tão Diego Simeone. O Atlético Madrid foi a Old Trafford travar o vendaval do United e, numa das poucas oportunidades que teve, chegou ao golo, por Renan Lodi. Depois foi controlar a nova onda vermelha, sem brilhantismo, mas com uma tremenda eficácia a garantir mais uma qualificação para os quartos de final da Liga dos Campeões. No final do jogo ouviram-se os cânticos dos colchoneros.

Ralf Rangnick já sabia que ia ser assim. O treinador alemão anuncio-o na conferência de imprensa de antevisão. Um Atlético Madrid que não quer saber da bola, que deixa o adversário jogar e fica na expetativa, à espera de um erro para marcar. O treinador do United sabia que ia ser assim e a receita, para contrariar os colchoneros, passava por marcar primeiro. E foi isso que a equipa de Old Trafford procurou desde o primeiro minuto, impulsionada por um Teatro dos Sonhos vibrante, que respirava ao mesmo ritmo da equipa.

O United entrou, de facto, com tudo, com Fred a encher o campo e depois uma linha com Sancho, Bruno Fernandes e Elanga no apoio direto a Cristiano Ronaldo. Com uma elevada posse de bola e um ritmo de tirar o fôlego, os «reds» entraram no jogo com os olhos na baliza de Oblak. Do outro lado estava uma equipa completamente alheia ao entusiasmo do rival, que pouco fazia por recuperar a bola e que mantinha o foco na defesa da sua baliza.

Elanga assustou num salto com Oblak, Fred arrancou aplausos com uma finta espetacular junto à linha de fundo, Ronaldo e Bruno estavam muito em jogo, mas a primeira grande oportunidade, aos quinze minutos, foi do Atlético. Bomba de De Paul do meio da rua e grande defesa de De Gea a afastar para canto. Depois assistimos a mais quinze minutos de United, com Elanga, a desviar para a cara de Oblak, a cruzamento de Bruno Fernandes, e com um remate forte de Dalot, mas foi o Atlético a ameaçar de novo o golo aos 34 minutos. João Félix marcou mesmo, depois de um bom lance entre Koke e Llorente, mas foi assinalado fora de jogo.

O United tentou voltar à carga, mas à terceira, o Atlético marcou mesmo. Um lance que começa com Reinildo a «roubar» uma bola a Elanga, o Unied ficou a pedir falta, João Félix destacou-se sobre a direita, esperou pela chegada de Griezmann, deu de calcanhar e o francês cruzou para o segundo poste onde estava Renan Lodi, sem marcação, a cabecear à vontade para as redes de De Gea.

No meio do furação vermelho do United, o Atlético chegou ao golo à terceira tentativa. Estávamos já perto do intervalo, mas ainda houve tempo para Bruno Fernandes encher o pé e obrigar Oblak a aplicar-se para segurar a vantagem colchonera.

Mais do mesmo, com o Atlético ainda mais confortável

A segunda parte foi mais do mesmo, mas com um Atlético ainda mais pragmático no controlo do jogo. Logo a abrir, Elanga combinou com Bruno Fernandes, com o português a responder de calcanhar, e atirou para a primeira defesa de Oblak da segunda parte. O Atlético cerrava fileiras, com toda a equipa atrás da linha da bola, a fechar os caminhos que o United procurava forçar.

O United ainda ameaçou o empate, numa cabeçada de Varane, mas Oblak voou para mais uma defesa impossível. Com os minutos a correrem, Rangnick foi arriscando, lançando sucessivamente Rashford, Matic, Pogba, Cavani e ainda Juan Mata. Mas a verdade é que, depois da saída de Bruno Fernandes, que acabou de recuperar de covid-19, o United deixou de conseguir circular a bola tão bem e o Atlético tinha cada vez menos problemas em defender.

Além disso, Diego Simeone também começou a fechar o jogo, prescindindo sucessivamente de Koke, João Félix e Griezmann, para reforçar o forte com Kondogbia, Felipe e Correa.

O United tentou tudo, De Gea chegou mesmo a subir à área do Atlético, mas a última bola foi mesmo de Oblak e é o Atlético Madrid que vai estar no sorteio dos quartos de final na próxima sexta-feira.