O Benfica caiu na Real e da Liga dos Campeões.
Há noites assim. Sombrias, sem cor e sem chama. O campeão nacional esteve pertíssimo de ser humilhado no Anoeta, mas acabou por conseguir atenuar os danos e sair do Anoeta com uma derrota por 3-1.
Um resultado lisonjeiro para o que a Real Sociedad produziu, sobretudo na primeira meia hora. Sem ter superestrelas, a formação txuri-urdin faz do coletivo e do futebol associativo a sua maior força. A equipa de Imanol Alguacil deu um recital de bola na primeira meia hora, vulgarizou os encarnados, marcou três golos e poderia ter feito outro três.
Ao fim de vinte anos, está nos oitavos de final da prova.
O Benfica perdeu-se no carrossel da Real Sociedad. Depois de duas vitórias em Arouca e Chaves, as águias pareciam dar sinais de retoma, no entanto, a péssima entrada em campo, recuperou os fantasmas do passado e trouxe desconfianças antigas.
O primeiro remate pertenceu aos encarnados logo aos cinco minutos. A partir daí, a Real Sociedad estendeu a passadeira vermelha ao Benfica e eliminou-o da Champions. Após uma sucessão de cantos, Aihen Muñoz cruzou para o desvio de Mikel Merino na pequena área (6m).
Na cabeça do médio espanhol começou a desenhar-se a hecatombe encarnada. Volvidos cinco minutos, novo golo dos bascos. Na sequência de um lançamento de linha lateral a favor do Benfica, Florentino entregou mal, Otamendi não teve pernas para Oyarzabal que fez o 2-0.
Foi um dos lances que espelhou na perfeição o jogo do Benfica esta noite. Há, contudo, muito mérito da Real que jogou uma barbaridade. Depois de o VAR ter invalidado novo golo de Merino por braço na bola, a Real Sociedad chegou mesmo ao 3-0 numa jogada perfeita concluída com um remate ao ângulo de Barrenetxea – golo da noite.
Vinte minutos jogados e uma desvantagem de dois golos. Tarefa dificílima, quiçá, utópica para o conjunto de Schmidt – alemão voltou a insistir no esquema com três defesas. O vexame poderia ter ficado completo não fosse Brais Méndez ter desperdiçado um penálti e os bascos terem tido outro golo anulado.
Esperava-se uma reação, um grito de revolta de uma águia com o orgulho ferido. Essa reação, muito ténue, sublinhe-se, chegou por intermédio de Rafa. O internacional português teve um remate por cima e uma arrancada em contra-ataque que acabou cortada por Zubeldia. Por essa altura, já Schmidt tinha retirado da partida o “desastrado” Florentino e lançado Jurásek.
Como equipa experiente, madura e segura de si, a Real Sociedad procurou gerir o jogo. Não se assustou com o golo de honra do Benfica, o primeiro nesta edição da Champions, anotado por Rafa após assistência de Otamendi.
Seguiram-se atos repugnáveis nos minutos seguintes com a claque do Benfica a lançar tochas para a bancada inferior onde estavam adeptos bascos. Houve um aviso de que o jogo poderia ser interrompido e Otamendi teve de pedir aos adeptos que parassem enquanto todo o estádio assobiava.
Mesmo em «modo gestão», a Real Sociedad esteve perto do 4-1 por Zubeldia. Não seria um resultado injusto tamanha a diferença de qualidade no futebol jogado entre as duas equipas.
Foi sem surpresas, sem brilho e sem inspiração que o Benfica ficou matematicamente sem hipóteses de chegar aos oitavos de final da Liga dos Campeões depois da excelente prestação no ano anterior. Sem pontos e com um golo marcado em quatro jogos: desastroso.
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