Uma reta final para esquecer deu contornos de goleada ao resultado do Gil Vicente nos Países Baixos. A equipa de Ivo Vieira perdeu por 4-0 em casa do AZ Alkmaar e tem uma tarefa hercúlea – para não dizer impossível - pela frente em Barcelos para ainda garantir a fase de grupos da Liga Conferência.
O resultado até é demasiado penalizador para aquilo que os galos mostraram em solo neerlandês, mas o AZ fez valer os seus pergaminhos nos últimos minutos e aproveitou a fadiga do conjunto português.
Entrada destemida
Num claro sinal de rotação, Ivo Vieira promoveu um novo sitema tático (4-4-2) e cinco alterações face ao onze inicial que apresentou em Arouca, na última segunda-feira. Tomás Araújo, cedido pelo Benfica, estreou-se e Aburjania ocupou o lugar de Pedro Tiba. Na frente, Mizuki Arai, Alipour e Élder Santana ocuparam os lugares de Kevin Villodres, Juan Boselli e do lesionado Fran Navarro, que ficou na bancada.
O Gil Vicente entrou sem sentir o peso do momento e a assumir a posse de bola, mas rapidamente percebeu o perigo que a equipa neerlandesa poderia causar em situações de transição. Os gilistas deixavam algum espaço nas costas e o corredor esquerdo ficava à mercê dos neerlandeses, que capitalizaram a manobra ofensiva para esse lado.
O primeiro remate até pertenceu à equipa portuguesa, através de um cabeceamento fraco de Élder Santana, mas, depois de algumas aproximações perigosas, surgiu o golo do conjunto visitado. Os homens de meio campo do AZ tiveram espaço e tempo para combinar em zonas interiores e, quando a bola chegou junto à linha, Kerkez estava solto para olhar para a área, ver quem estava em melhor posição e cruzar. Para corresponder ao passe, apareceu de rompante Dani De Wit, cabeceando de forma certeira e sem permitir o reflexo de Andrew (24m).
O golo sofrido foi o «melhor» aviso que os galos poderiam ter recebido. A partir de então, acautelaram o momento de saída para o ataque e estabilizaram os ânimos. Embora não permitindo muito caudal ofensivo ao AZ, a equipa de Ivo Vieira também não esboçou muitas ocasiões de perigo nem conseguiu somar mais nenhum remate até ao intervalo.
O ritmo, no recomeço da segunda parte, subiu ligeiramente. O Gil Vicente entrou com perspetivas de empatar a eliminatória e prolongar o sonho europeu para a segunda mão em Barcelos e até pareceu mais organizado.
Contudo, os neerlandeses rapidamente fizeram prevalecer a sua qualidade e só os reflexos de Andrew adiaram o 2-0. O guardião, que renovou recentemente com os galos e tem brilhado na ausência de Kritciuk, negou o golo a Raijnders (61m) e Pavlidis (72m), com duas excelentes defesas.
Do sonho ao pesadelo
Já sem Tomás Araújo em campo – saiu aos 78 minutos em dificuldades físicas – o Gil Vicente ficou ainda em pior situação na eliminatória. Rúben Fernandes foi ultrapassado por Evjen, que tirou o cruzamento, o recém-entrado Lucas Cunha tentou o corte, enviando a bola ao poste e o ressalto sobrou para Lahdo, que se limitou a encostar.
A equipa portuguesa, então, quebrou animicamente e deixou fugir o sonho de estar presente na fase de grupos.
A cinco minutos dos 90, voltou a facilitar na saída de bola e Danilo entregou-a aos atacantes neerlandeses, que não se fizeram de rogados. O goleador Pavlidis arrancou para dentro da área gilista e disparou em força para dar vantagem ao AZ e anotar o quarto jogo consecutivo a marcar.
Se o sonho já parecia desvanecido, tornou-se um pesadelo logo depois, com o golpe final (89m). A defesa barcelense ainda estava «aos papéis» e esqueceu-se de Mees de Wit ao segundo poste, que apareceu a finalizar com facilidade e praticamente garantir a passagem dos neerlandeses.
O Gil Vicente recebe o AZ Alkmaar na próxima quinta-feira, em jogo da segunda mão deste play-off, mas já ciente de que a primeira aventura europeia tem os dias contados.