O treinador do Nápoles, Rafa Benitez, trazia consigo uma tradição. O espanhol nunca tinha perdido com o FC Porto… nunca, até esta quarta-feira. Num dos jogos mais importantes da época para portistas e napolitanos, o dragão quebrou o enguiço e vai a sorrir para a segunda mão dos oitavos de final da Liga Europa.

Dizer que o Nápoles é uma equipa italiana pode parecer redundante, mas não será tanto. A equipa de Rafa Benitez foi ao Dragão a jogar à italiana. Um jogo de contenção, a deixar o adversário fazer as despesas do ataque, e a apostar num contra-ataque rapidíssimo, em que Callejón foi a peça-chave.

O dono da casa fez o que se impunha. Entrou bem, dominou. Chegou com perigo à baliza de Reina, obrigando o espanhol a defesas de encher o olho. Nos primeiros minutos teve um bom domínio de meio campo, com Fernando a fazer boas recuperações de bola e Carlos Eduardo, numa excelente exibição, a empurrar a equipa para a frente. O brasileiro chegou mesmo a conseguir marcar, aos 21 minutos, após um cruzamento de Jackson, mas o árbitro considerou que estava em fora de jogo e anulou, mal, o golo.

Mas depois começou a perceber-se que os tempos mudaram no Dragão… mas nem tanto. A defesa, o calcanhar de Aquiles do FC Porto nos últimos jogos de Paulo Fonseca, pareceu voltar à antiga forma.

Alex Sandro, com a cabeça em água das investidas de Callejón, perdia a bola em lugares proibitivos, vendo, uma das vezes, o espanhol roubar-lhe a bola e fugir em direção à baliza. Por mais que tentasse, Alex Sandro não conseguia apanha-lo, e valeu um corte de Defour para evitar o pior.

A partir da meia hora de jogo, o FC Porto baixou as linhas e começou a ver o golo cada vez mais perto da sua baliza. Mas o nulo manteve-se até ao intervalo.

Na segunda parte, a equipa de Luís Castro voltou a pressionar mais, mas encontrou um Nápoles mais agressivo também. Primeiro foi Varela a obrigar Reina a uma defesa impressionante. Depois foi Callejón que, em cima da baliza do FC Porto, viu a bola bater-lhe na parte de trás do pé e ir para trás, para Helton. Um azar do avançado espanhol, uma sorte para o guarda-redes brasileiro.

Foi uma fase louca do jogo. Quase sem jogo a meio campo e com lances de perigo de parte a parte. Até que, num canto do FC Porto, Quaresma bate para a área, Varela não chega para cabecear, e Jackson, num remate à meia volta, de um ângulo apertado, bate Pepe Reina. Um belíssimo golo do colombiano num jogo em que fez uma belíssima exibição.

A seis minutos do fim, o FC Porto podia ter chegado ao segundo. Jackson cruzou para Ghilas, mas Albiol cortou à boca da baliza. Quintero ainda apareceu para a recarga e dividiu o lance com o defesa espanhol, mas a bola foi ao poste. Na resposta, podia ter sido o empate do Nápoles, com Zapata a rematar e Maicon a aparecer, à entrada da baliza, para fazer o corte.

O jogo manteve-se vivo até ao fim. A vitória valia muito para ambas as equipas e nenhuma delas estava disposta a abdicar dela facilmente. A defesa portista foi-se recompondo, com Luís Castro a fazer recuar o meio campo para ajudar. E o final do encontro chegou mesmo com a baliza de Helton a manter-se inviolável.

Embora uma vantagem curta para a segunda mão, foi um excelente resultado para uma equipa portista que procura mostrar que a época ainda não está perdida. O enguiço foi quebrado. Benitez leva mesmo uma derrota para Itália, e o FC Porto vai a Nápoles com vantagem.