A Liga Europa é uma segunda via, mas o cartaz dos oitavos de final tem argumentos de sobra para merecer atenção. Frente a frente algumas das equipas mais cotadas ainda em prova, bons jogos no horizonte. Isto é a abordagem de quem vê o copo meio cheio. Por outro lado, com confrontos diretos entre algumas das equipas com maior estatuto, depois desta eliminatória ficará inevitavelmente um vazio, porque metade deles vão ficar pelo caminho. E quem sobreviver sairá com a candidatura reforçada.

FC Porto e Benfica, que pelo seu histórico estão necessariamente entre os favoritos à competição (não era preciso ser José Mourinho a dizê-lo, mas ele também o disse), terão pela frente dois rivais de quem se pode dizer o mesmo: Nápoles e Tottenham. Depois ainda há um Juventus-Fiorentina, mais um dérbi andaluz entre Sevilha e Bétis.

No Dragão vai jogar-se o único confronto entre equipas que jogaram a fase de grupos da Liga dos Campeões na primeira metade da época. Paulo Fonseca sobreviveu à louca eliminatória anterior com o Eintracht Frankfurt, mas não resistiu ao empate com o V. Guimarães logo a seguir. No seu lugar está agora Luís Castro, que coloca o FC Porto «na primeira linha de favoritos», numa prova que ganha dimensão com a situação da equipa na Liga, a nove pontos da liderança, mas sabe também que o desafio pede muito mais do que a equipa foi capaz de dar até agora, numa época em que ainda não conseguiu vencer em casa para a Europa.

O Nápoles, que caiu da Liga dos Campeões com 12 pontos, no grupo do B. Dortmund e do Arsenal, sentiu mais dificuldades do que seria de prever na ronda anterior frente ao Swansea, mas é uma equipa com muitos argumentos ( leia a análise no Maisfutebol), liderada por um especialista destas coisas, atual detentor do troféu, Rafa Benitez. No histórico dos dois clubes há a memória de uma eliminatória de Taça UEFA ganha pelos italianos há quase 40 anos, e o registo mais recente do confronto desta pré-época, quando Paulo Fonseca e Benitez ainda testavam soluções.

Quanto ao Benfica, começa por jogar em Londres frente a um Tottenham irregular, que se apurou no limite e com polémica frente ao Dnipro na ronda anterior, uma equipa que mudou com a saída de Villas-Boas mas não melhorou ( leia também a análise à equipa inglesa). O nome do rival traz boas recordações ao Benfica, a meia-final de 1962, numa campanha que terminou com a conquista da Taça dos Campeões Europeus, mas o registo caseiro do Tottenham frente a equipas portuguesas conta outra história: cinco jogos, cinco vitórias (a meia-final de 1962 terminou 2-1, com o Benfica a fazer valer a vitória por 3-1 da primeira mão). 

Depois há os dois confrontos entre equipas do mesmo país. Juventus frente à Fiorentina, compatriotas e velhos conhecidos. Encontram-se no palco europeu quatro dias depois de se terem defrontado para a Serie A, com uma vitória (1-0) que deixou a Vecchia Signora ainda mais lançada para a conquista do Scudetto. Também têm uma história europeia comum, já foram rivais na final da Taça UEFA de 1990, ganha pela Juve. Que será, recorde-se, a anfitriã da final deste ano.

Quanto ao dérbi de Sevilha, leva pela primeira ao cenário continental a velha e muito intensa rivalidade dos dois vizinhos espanhóis. Chega aqui por cima o Sevilha do trio português (Beto, Carriço e Diogo Figueiras), sétimo na Liga, que no duelo de novembro para a Liga esmagou o Bétis (4-0), lanterna vermelha mas a recuperar nos últimos jogos e moralizado com a campanha na Liga Europa.

Não fica por aqui a agenda dos oitavos, claro. Ainda há o confronto entre o Salzburgo e o Basileia, a equipa austríaca que fez o que quis na Europa até agora, incluindo arrasar o Ajax na ronda anterior, frente aos suíços que vieram da Liga dos Campeões e foram semifinalistas da Liga Europa na época passada, afastados pelo Chelsea.

Depois há um duelo com portugueses entre o Ludogorets e o Valência. Os búlgaros, que tem Fábio Espinho e Vitinha, surpreenderam a Europa com uma campanha sem derrota na fase de grupos, a qual incluiu quatro pontos ganhos ao PSV Eindhoven, e prosseguiu com a eliminação da Lazio nos 16 avos de final. Os espanhóis, que terão João Pereira mas não Ricardo Costa, começaram mal mas recuperaram e deixaram pelo caminho na ronda anterior o D. Kiev de Miguel Veloso.

Miguel e Anthony, a dupla lusa de Lopes do Lyon, também continuam em prova e terão pela frente o Viktoria Plzen, o convidado mais surpreendente desta fase, que eliminou o Shakhtar Donetsk. Por fim, para completar a lista, há um duelo entre os holandeses do AZ Alkmaar e os russos do Anzhi.

Jogos da primeira mão dos oitavos de final

Ludogorets-Valência, 18:00
FC Porto-Nápoles, 18:00
Basileia-Salzburgo, 18:00
AZ Alkmaar-Anzhi, 20:05
Lyon-Viktoria Plzen, 20:05
Sevilha-Bétis, 20:05
Tottenham-Benfica, 20:05
Juventus-Fiorentina, 20:05