Minuto 79, em Braga
A preparação para o jogo tinha sido bem quentinha. Em causa estava um lugar na Europa, mas não só. O técnico do Sp. Braga, Jorge Jesus, fizera recair sobre si a fúria de jogadores, técnicos e adeptos do Leixões, com declarações interpretadas como deselegantes para a equipa-sensação da Liga. O desfecho do jogo era, em muitos aspectos, uma questão de honra. Tanto mais que o Sp. Braga estava com a moral em alta, depois de fechar um polémico ciclo de grandes com um triunfo personalizado em Alvalade.
Os minhotos dominavam, tinham mais bola e mais iniciativa. O Leixões, bem organizado, resistia e procurava responder em contra-ataque, mas andava longe do golo. Foi então que o hatiano Sony, na direita, fez um cruzamento aparentemente inofensivo. Zé Manel, o único leixonense nas imediações da área, estava longe do caminho da bola, Frechaut e João Pereira tinham a situação controlada. O que raio terá passado pela cabeça do capitão do Sp. Braga para tentar aquele corte suicida, com a cabeça a meio metro do chão? É algo a quem nem ele saberá responder. Muito menos Jorge Jesus, que continuando a mascar a inseparável pastilha, olhou para o céu e encolheu os ombros, abdicando de encontrar uma explicação lógica para um dos golos mais insólitos da temporada.
Um golo que manteve o Leixões no pódio e esvaziou o balão do Sp. Braga, em vésperas de um importante jogo europeu. E, last but not the least permitiu a José Mota, com o exagero próprio das vitórias intensas, falar em «banho táctico» no acerto de contas final.