Respira o Estoril. Inspira, desesperado, o Tondela. Pedro Emanuel conseguiu a sua primeira vitória à frente da equipa da Linha, vencendo 0-2 em casa do Tondela, um adversário direto na luta pela permanência. Duas grandes penalidades cometidas por Cláudio Ramos e marcadas por Kléber fizeram o resultado que se ajusta, com a autodestruição que a equipa do Tondela foi promovendo.

O conjunto auriverde vê a esperança da salvação a esfumar-se, ficando a faltar sete jornadas para o final. Isto num jogo em que o desnorte da equipa de Pepa foi claro. Uma imagem? O Tondela acabou o jogo com um avançado na baliza e um central a ponta de lança.

Circunstâncias do jogo, claro, com a expulsão de Cláudio Ramos nos descontos, mas antes já havia Pica a avançado desde os 66 minutos. De nada valeu. A vitória e o sonho da permanência sorriu para o Estoril, que passa a ter oito pontos sobre este Tondela.

Tondela melhor... só dez minutos

Ciente da urgência de vitórias para alcançar a permanência na Liga, o Tondela entrou mais forte, assumindo o jogo desde cedo, ainda que sem conseguir criar muito perigo para a baliza de Moreira.

Nos primeiros 10 minutos, o jogo só deu Tondela mas oportunidades de golo, nem vê-las. Após esse ímpeto inicial, porém, o Estoril passou a equilibrar a posse de bola e a fechar melhor os espaços que o adversário antes ia conseguindo explorar para chegar à área dos canarinhos.

Só que numa das primeiras vezes em que os estorilistas entraram na área tondelense, Cláudio Ramos derrubou Kléber, cometendo uma grande penalidade que o avançado brasileiro não desperdiçaria, dando vantagem à equipa da Linha.

E esse golo teve um efeito devastador no conjunto beirão. Os jogadores sentiram a desvantagem, enervaram-se, e a bola passou a rolar com muito maior dificuldade. Claro que também há mérito do Estoril que passou a fechar-se mais atrás, mas só isso não justifica tantos passes errados dos homens de Pepa.

Com o Tondela a jogar sobre brasas, foi o Estoril que esteve perto de dilatar a vantagem, quando Allano aproveitou uma desconcetração da defesa contrária que só não resultou em golo porque Cláudio Ramos foi lesto a sair-lhe aos pés.

A única oportunidade auriverde nos primeiros 45 minutos sairia do pé direito de Pedro Nuno que, na marcação de um livre direto, obrigou Moreira a defesa apertada.

Quem não tem avançado, caça com Pica

Como seria de esperar, o Tondela surgiu na segunda parte com vontade de dar a volta ao resultado. Contudo, se nos primeiros minutos a equipa procurou o empate com cabeça, circulando a bola em busca de espaços, com o decorrer do tempo o desespero apoderou-se dos jogadores, que perderam discernimento.

Pepa apostou primeiro em Murillo, o melhor marcador da equipa, e colocou um lateral mais ofensivo, trocando David Bruno por Ruca, mas as alterações não surtiram o efeito esperado.

Com poucas opções ofensivas no banco, a terceira substituição de Pepa teve contornos de supresa. O técnico tondelense abdicou de Pedro Nuno, o médio responsável pela construção de jogo, e colocou Pica... a ponta de lança.

Desespero. Foi essa a mensagem que passou para as bancadas e que também chegou aos seus jogadores. A partir daí, em vez de disputar os lances, os jogadores pareceram mais preocupados em discutí-los. Com o árbitro e com os assistentes.

Mais tranquilo, o Estoril assistia à impaciência alheia sem se deixar enervar. Organizada, a equipa de Pedro Emanuel limitou-se a gerir o tempo.

E se o jogo já estava resolvido, ainda haveria tempo para mais um golpe de auto-flagelo. Novamente com os mesmos protagonistas: Cláudio Ramos a cometer grande penalidade sobre Kléber, que voltaria a não perdoar, agora perante Heliardo, que assumiu a baliza após a expulsão do guarda-redes.

Apito final. Ponto final para o Tondela? O que se passou na época passada obriga-nos a dizer que (ainda) não. Mas o cenário não está nada fácil para o conjunto beirão.