O acaso e o futebol raramente se encontram e o Rio Ave é um exemplo criterioso disso. Tudo o que está a acontecer a este clube explica-se em duas palavras: organização e qualidade. A exibição e os três pontos frente ao Boavista sinalizam um crescimento consolidado e um plano desportivo de fazer inveja.

Nasceu uma bela equipa de futebol em Vila do Conde.

Neste clássico do Norte, a recuperar tantas e boas memórias, o Rio Ave só não foi melhor nos primeiros 15/20 minutos. Talvez ainda ébrios pelos louros da Liga Europa, os homens dos Arcos foram surpreendidos pela raça axadrezada e até podiam ter sofrido um golo.

O pontapé de Pouga, à entrada da área, tinha encontro marcado com o ângulo superior esquerdo da baliza de Cássio. O guarda-redes voou e fez a defesa da noite.

O Boavista fechou nesse instante o seu melhor período, o Rio Ave percebeu o sinal de Cássio e despertou para uma noite de grande, grande futebol.

FICHA DE JOGO E NOTAS AOS JOGADORES


Foram quatro golos, sim, mas podiam ter sido mais. Principalmente depois da expulsão de Lucas Rocha, defesa central das panteras negras.

Antes disso, porém, o Rio Ave teve momentos de brilhantismo. Combinações perfeitas, sempre em progressão; trocas constantes de posições, bola à flor da relva, facilidade impressionante de fugir à pressão boavisteira.

Na génese deste festival de bola esteve a tal defesa de Cássio e, logo a seguir, um livre direto transformado em golo pelo melhor em campo: Renan Bressan.

DESTAQUES DO JOGO: Renan Bressan, médio de excelência


O Boavista caiu, caiu, deixou de perceber o desenho tático do Rio Ave e foi sem surpresa que Diego Lopes – ainda no primeiro tempo – Esmael Gonçalves e Boateng completaram a lição aplicada pelo Rio Ave.

Pedro Martins recebeu uma herança pesadíssima e está a geri-la com categoria. Colocou os nortenhos na fase de grupos da Liga Europa e está na frente da Liga, com FC Porto e Vitória Guimarães: três jogos, três vitórias, 11 golos marcados!

O Boavista merece uma palavra. A atitude é excelente, não lhe falta raça e agressividade, mas peca naquilo em que o Rio Ave é exímio: não sabe ter bola e não sabe reagir quando a perde.

A ideia, no fundo, aplica-se aos dois lados: o acaso não tem lugar no futebol. Só os caçadores de fantasmas ou os mal intencionados podem acreditar em algo diferente disto.